Aston Martin oficializa a contratação de Newey, o maior vencedor da F1
A Aston Martin será a nova casa do projetista mais vencedor da história da Fórmula 1, Adrian Newey, a partir de 1º de março de 2025. O britânico de 65 anos, que assinou carros vencedores na Williams, McLaren e Red Bull, conquistando campeonatos em todas as décadas dos anos 1990 para cá, confirmou em maio que estava de saída da operação de F1 da Red Bull e iniciou uma disputa por seu passe.
Na Aston Martin, ele ocupará um cargo mais alto que um diretor técnico, como já era o caso na Red Bull, e será Sócio Técnico Gerente, além de ter tornado-se acionista da equipe de F1.
"Estou empolgado por me juntar à equipe Aston Martin. Fiquei extremamente inspirado e impressionado com a paixão e o comprometimento que Lawrence [Stroll, dono da equipe] traz para tudo em que está envolvido. Lawrence está determinado a criar uma equipe campeã mundial. Ele é o único dono majoritário de equipe que está ativamente engajado no esporte. Seu compromisso é demonstrado no desenvolvimento do novo Campus de Tecnologia e do túnel de vento em Silverstone, que não são apenas de última geração, mas também possuem um layout que cria um ótimo ambiente para trabalhar. Juntamente com grandes parceiros como Honda e Aramco, temos todas as peças-chave de infraestrutura necessárias para tornar a Aston Martin uma equipe vencedora do campeonato mundial e estou muito ansioso para ajudar a alcançar esse objetivo", disse Newey,
Mesmo em um papel de super consultor, sem a necessidade de estar presente no dia a dia da Red Bull nos últimos anos, ele é considerado fundamental para que a equipe tenha entendido logo de cara como trabalhar com o efeito solo no último regulamento da F1. Enquanto outras equipes com tantos recursos quanto a Red Bull, como Ferrari e Mercedes, perdiam tempo com a falta de estabilidade do carro e seus saltos, Newey anteviu estes problemas e guiou a Red Bull para decisões que fizeram com que eles fossem os únicos sem sofrer com esse tipo de problema, possibilitando um domínio que durou dois campeonatos, até que os rivais começassem a se encontrar.
Isso porque Newey já tinha trabalhado com carros com efeito solo. Na verdade, ele já trabalhou com um pouco de tudo em uma carreira que começou na equipe brasileira Copersucar, no início dos anos 1980.
Agora, Newey, que soma 12 títulos de construtores e 13 de pilotos, embarca para um projeto bastante ambicioso.
Como a Aston Martin conseguiu atrair Newey
Foram várias as oportunidades em que Lawrence Stroll mostrou que não estava para brincadeira após comprar o espólio da Force India em 2018. O bilionário, famoso por recuperar grandes marcas que estavam em dificuldades (mas no ramo da moda e não do automobilismo), primeiro tratou de cuidar da marca de sua equipe. Comprou ações também da Aston Martin e transformou a equipe de F1 no time da montadora britânica.
Foi como se a ex-Force India passasse por um banho de loja. Eles passaram a ter o motorhome mais refinado do paddock, e atraíram marcas de luxo como parceiras.
Outra prioridade de Stroll era ter pilotos de renome - para correr ao lado do filho, Lance Stroll. Primeiro, ele atraiu Sebastian Vettel. Depois, Fernando Alonso.
Mas a reformulação da equipe também passava pela área técnica. A fábrica da equipe foi totalmente refeita e se tornou um campus, com a tecnologia mais avançada da F1. O túnel de vento entra em operação neste ano e será usado para o carro de 2026, o primeiro que contará com a supervisão de Newey.
Isso é importante porque coincide com uma mudança de regulamento, que é quando as equipes têm mais chances de darem um salto de performance em relação às rivais.
Essa mudança de regras, contudo, é diferente daquela aproveitada por Newey e pela Red Bull em 2022, pois agora a F1 volta a ter os motores como um diferencial importante de performance. E até para isso a Aston Martin se reposicionou, firmando um acordo para ser a equipe de fábrica da Honda e deixando de ser cliente da Mercedes.
É um salto importante porque eles também vão passar a fazer o próprio câmbio e transmissão, que eram comprados da Mercedes. Mas ao mesmo tempo Stroll sabe que, quando o motor se torna um diferencial, não dá para pensar em campeonato como cliente.
Seria Newey a última peça que faltava para as coisas se encaixarem na Aston Martin? Primeiro, é preciso que a presença de Newey funcione. Ele não é uma pessoa simples para se trabalhar e o jeito controlador de Lawrence Stroll também gerou tensões internas nos últimos anos.
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Quero receberDepois de focar em mudar a cara da equipe para atrair investimento e apostar pesado na parte técnica e em parcerias que possam levar a Aston Martin a lutar por títulos, o próximo passo aponta para um modelo de gestão que tire o máximo de cada um. Começando por Newey.
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