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Oito meses após anúncio de GP de F1, Madri sofre para atrair investidores

A cidade de Madri anunciou no final de janeiro deste ano um acordo para sediar o GP da Espanha entre 2026 e 2036, em um projeto que, em teoria, não deveria receber nenhum investimento público. Agora, a própria delegada da área de governo de economia, inovação e fazenda da prefeitura de Madri, Engracia Hidalgo, reconheceu em plenário que a cidade ainda não encontrou nenhuma empresa interessada em financiar o projeto.

Calcula-se que o investimento para transformar a área que funciona como a sede do Ifema, consórcio do qual Hidalgo também é vice presidente, em um paddock de F1 seja de 47.5 milhões de euros (290 milhões de reais), e que sejam gastos mais 51 milhões de euros (311 milhões de reais) para pagar pela prova.

Segundo dados da própria prefeitura, levaria até 13 anos para recuperar tal investimento e o contrato assinado foi de 10 anos com a F1. O estudo de viabilidade econômica, na verdade, aconselha estender esse acordo para 30 anos.

Sem o interesse da iniciativa privada, o grande temor é que o evento na capital espanhola tenha o mesmo enredo do que aconteceu com o GP da Europa, em Valência: na época, o governo local também garantiu que o investimento viria totalmente da iniciativa privada. A prova só teve cinco edições, entre 2008 e 2012, que custaram mais de 230 milhões de euros (mais de 1.4 bilhão de reais) aos cofres públicos, dívidas que só foram totalmente sanadas em 2023.

Os riscos do projeto de construir uma pista utilizando algumas vias urbanas, nas proximidades do aeroporto de Barajas, com previsão de capacidade de 110 mil pessoas por dia (ou seja, mais do que qualquer outro circuito do atual calendário) ajudam a explicar por que a F1 ainda mantém conversas com os organizadores do atual GP da Espanha, no Circuito de Montmeló, nos arredores de Barcelona. Na verdade, o interesse dos catalães em manter a prova no calendário está sendo utilizado inclusive para pressionar Mônaco a fazer as alterações que a F1 deseja no circuito, a fim de melhorar o espetáculo nas ruas do Principado.

Mas é claro que Barcelona estaria pronta também para aproveitar qualquer dificuldade do projeto da capital espanhola, embora ele seja particularmente atrativo para a F1. A ideia é copiar o que a própria categoria fez no único GP do qual é promotora, em Las Vegas, e comercializar um grande número de ingressos premium. O Paddock Club em Madri seria o maior de toda a temporada, e o dinheiro arrecadado com sua comercialização iria diretamente para a F1, e não para os organizadores, como tem sido de praxe nos contratos atuais.

Então está claro que a F1 não vai desistir facilmente do projeto de Madri.

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