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Ferrari pula muito ou pilotos reclamam demais? Sainz e engenheiro discordam

É o terceiro ano da Fórmula 1 com o atual regulamento, que foca em grudar o carro no solo usando mais o assoalho do que a carenagem para diminuir a turbulência, algo que gerou um problema para quase todas as equipes no início e que continua sendo uma dor de cabeça na Ferrari: os saltos, ou bouncing, como se costumou chamar o fenômeno da oscilação aerodinâmica na categoria. Mas o engenheiro de performance da Scuderia, Jock Clear, vê outro elemento nessa história: as reclamações públicas dos pilotos ferraristas.

Perguntado pelo UOL Esporte se a Ferrari está realmente sofrendo mais que os outros com o bouncing ou se os seus pilotos eram mais abertos a comentar sobre o assunto, Clear disse que, para um piloto dos anos 1990, época em que ele era engenheiro de pista na Williams, o comportamento dos carros hoje é muito melhor.

"É uma boa pergunta", disse ele. "É algo que nos atrapalhou nesta temporada, então é uma área em que tivemos que trabalhar e talvez mais do que os outros e talvez nossos pilotos tenham sido mais sinceros sobre isso. Você ouviu Lewis falando muito sobre isso há dois anos, mas os pilotos tendem a se acostumar com todas essas coisas", lembrou o engenheiro.

"Na verdade, se você voltar a meados dos anos 90 ou até antes, os carros costumavam balançar muito e os pilotos estavam acostumados a isso. Aqueles pilotos diriam 'meu Deus, essas crianças de hoje deveriam ter pilotado um carro dos anos 1980 para saber o era realmente difícil', então os pilotos se acostumaram e é só realmente quando eles realmente entram no âmago da questão de onde vem o desempenho, eles pensam 'bem, na verdade, está balançando demais, mas não é algo horrível impossível de pilotar'."

O comentário não foi bem recebido por Carlos Sainz, que está de saída da Ferrari e que vem demonstrando descontentamento com o que ele chama de "uma série de teorias" que a Scuderia tem sobre dois problemas principais do carro deste ano: o rendimento ruim em curvas de alta velocidade, que está relacionado ao bouncing, e a dificuldade em colocar energia no pneu em uma volta lançada (o que afetou o fim de semana de ambos os pilotos após a classificação ruim em Singapura e é parte da explicação para Charles Leclerc ter perdido uma vantagem de quase 6s para Oscar Piastri após uma troca de pneus no GP do Azerbaijão, algo fundamental para a vitória do australiano). O espanhol, inclusive, disse após Singapura que "parece que teorias são o que mais temos nesse momento."

Sobre as declarações do engenheiro, Sainz disse ao UOL Esporte que há diferenças importantes na velocidade dos carros de cada época.

"Convido qualquer piloto que diga que podemos reclamar muito para pilotar os carros e ver o ritmo que andamos hoje em dia, estamos fazendo curvas a 300 com o carro pulando. Pessoas que dizem que podemos aguentar mais, convido-as a experimentar o carro a partir de 2022 e ver como a parte inferior do corpo reagirá. Quem não pilota esses carros não deve falar nada."

Mas é claro que Jock Clear não nega que o carro da Ferrari ainda salta em altas velocidades. Na verdade, a Scuderia implementou um assoalho no GP da Itália justamente para coibir esse movimento, que se intensificou com uma atualização que não deu certo no GP da Espanha. De lá para cá, a F1 só correu em pistas com curvas mais lentas, então o teste real será na próxima etapa, o GP dos Estados Unidos, dia 20 de outubro.

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