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F1 também tem ponto cego? O que um piloto enxerga dentro do carro

A preocupação com a segurança foi fazendo com que os pilotos ficassem cada vez mais cercados de proteções: as laterais dos cockpits foram subindo e a introdução do halo em 2018, com uma haste bem no meio do campo de visão dos pilotos foram mudanças fundamentais para protegê-los, mas também fizeram os pilotos enxergarem muito menos. Não é raro ouvirmos os pilotos pedindo para os engenheiros checarem se há danos na asa dianteira, por exemplo, e isso dá a medida do que eles realmente conseguem ver quando estão pilotando. E não é muita coisa.

"Vemos talvez menos do que a câmera a bordo mostra às vezes, porque estamos sentados ainda mais embaixo da câmera", explicou Fernando Alonso. "Às vezes, quanto menos você vê, mais rápido você é!", brincou o piloto.

Alonso explicou que, na verdade, geralmente o foco está mais à frente, então não conseguir ver exatamente onde seu carro termina, por exemplo, não é um problema. "Nos concentramos tanto em coisas muito distantes, que talvez não pareçam tão óbvias vistas de fora. O carro é muito rápido, obviamente, então as coisas chegam até você em um ritmo muito rápido. Então às vezes olhamos para 300 metros, 400 metros de distância de nós, porque em dois décimos de segundo estaremos lá. Então esse é o foco que temos e, para esse tipo de visão, acho que vemos o suficiente do carro."

É claro que há situações em que faz falta não ter uma visão melhor do que está perto do carro, como explicou Alonso. "A largada é difícil para nós. Os pit stops também são uma espécie de suposição, porque às vezes não temos o ponto exato de onde fica a asa dianteira ou os pneus."

A visibilidade diminuiu com o atual regulamento não só por questões de segurança. Os pneus ficaram maiores e agora há uma espécie de calota em cima deles. Com o campo de visão ainda mais reduzido, há dois problemas para os pilotos: saber onde posicionar o carro na largada (eles geralmente olham para o lado, tentando enxergar uma linha amarela que é pintada onde seus pneus dianteiros têm de estar) e também na hora de respeitar os limites de pista, que são determinados pela linha branca que delimita a pista (mas que não é visível para os pilotos quando eles já estão dentro da curva.

Os espelhos retrovisores também estão longe do ideal para os pilotos, até porque são usados como elementos aerodinâmicos pelas equipes. Os espelhos foram aumentados de tamanho antes da temporada 2023, mas Daniel Ricciardo, que recentemente perdeu a vaga para Liam Lawson na RB, disse que eles ainda não são perfeitos.

"Fazemos o melhor com o que temos, mas naturalmente às vezes há alguns pontos cegos. Então usamos nossa consciência espacial da melhor maneira que podemos. Lembro quando passei do kart para um carro de fórmula, essa foi a maior dificuldade. Não sabia onde ficava a zebra. Você tem que perceber por meio da sensação do carro passando por cima dela. Então demora um pouco para se acostumar com essas coisas."

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