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Por que o GP dos EUA pode mudar a cara do campeonato na reta final da F1

A Fórmula 1 chega a sua reta final com seis corridas em oito finais de semana com o seguinte cenário: Max Verstappen tem 52 pontos de vantagem, equivalente a duas vitórias com voltas mais rápidas de folga, mas tem visto essa margem diminuir nas últimas provas. Isso porque a McLaren de Lando Norris está melhor desde maio, e houve corridas especialmente em julho e setembro em que Verstappen perdeu pontos para outros rivais também.

A primeira dessas provas em sequência é em Austin, nos Estados Unidos, evento que pode mudar os rumos do campeonato mais uma vez para Verstappen, que começou o ano dominando e, com isso, abriu tamanha vantagem: a Red Bull vai introduzir seu último grande pacote de atualizações no carro sabendo que todos os outros, de junho de 2023 para cá, não funcionaram como previsto.

Mas por que o time imagina que o cenário possa ser diferente desta vez? Após o último pacote, que estreou na Hungria, falhar, os engenheiros foram buscar as origens do que começou a dar errado, e só então chegaram na atualização do GP da Espanha do ano passado. Essa compreensão tem sido importante para o time reencontrar o caminho. As modificações do assoalho que estrearam em Baku já foram um pequeno passo e, com a atualização de Austin, eles querem deixar essa fase, a pior que a equipe enfrenta desde 2020, para trás.

A última vitória de Verstappen foi no GP da Espanha, em junho
A última vitória de Verstappen foi no GP da Espanha, em junho Imagem: Clive Rose - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Isso viria em ótima hora para o campeonato de Verstappen. O tricampeão chegou a ter 84 pontos de vantagem depois do GP da Grã-Bretanha. E, desde então, só pontuou mais que Norris em uma oportunidade (dois pontos a mais, no GP da Bélgica). São 180 pontos em jogo no total nas últimas seis etapas, sendo que, nas sprints, é possível marcar 34.

Verstappen ainda pode chegar em segundo em todas as corridas e sprints e ainda ser campeão por um ponto. Mas o companheiro de Norris, Oscar Piastri, está cada vez mais forte, e as rivais Mercedes, e especialmente Ferrari, não têm estado tão distantes assim da disputa por vitórias e pódios, dependendo muito da adaptação a cada circuito.

Por isso, essa atualização de Austin é fundamental. "Tiramos muitas informações úteis das últimas duas corridas, mas são pistas muito, muito diferentes das curvas de Austin. México e Brasil são diferentes também. Então, será interessante", avaliou o chefe da Red Bull, Christian Horner.

"Acho que o encorajador foi que o carro reagiu como esperávamos, e o que nossas ferramentas estavam nos dizendo. A equipe está começando a ter uma direção e compreensão de onde estão algumas das limitações e suas causas, o que abrem caminhos de desenvolvimento."

McLaren não vai ficar parada

É claro que a Red Bull não é a única que aproveitou a pausa de quase um mês no calendário da F1 para finalizar o que deve ser o último pacote de 2024. A McLaren também tem novas peças, incluindo um novo assoalho, parte fundamental para o desempenho do carro. E, ao contrário da Red Bull, eles têm visto um crescimento importante a cada grande atualização que trazem para o carro.

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Essa, aliás, tem sido uma marca da McLaren e uma estratégia diferente de outras equipes, que trazem menos peças novas, porém de maneira mais recorrente. O último grande pacote da McLaren passou a ser usado em Miami e foi o que fez com que o carro se tornasse a referência no grid.

"Nós meio que gostamos de juntar peças e entregá-las de uma só vez", explicou o diretor de performance, Rob Marshall. "A vantagem de fazer isso é que muitas vezes as peças não combinam muito bem ou tão bem quanto você pensa que combinariam. E se você entregá-los de uma só vez, então essa combinação de partes esteve em CFD juntas, foi desenvolvida em conjunto, passou pelo túnel de vento juntos. Então você pode estar mais confiante de que essa combinação de pedaços funciona bem em conjunto."

A questão é que a McLaren não parece estar 100% confiante com esse novo assoalho, pois sabe-se que ele estava prestes a ser colocado no carro pelo menos desde o GP da Itália, no começo de setembro. No momento, o carro funciona tão bem que eles estão reticentes em fazer grandes mudanças. Mas, ao mesmo tempo, sabem que, se ficarem parados, podem perder a vantagem.

"Neste nível de desenvolvimento não é uma tarefa fácil realmente mudar a especificação do carro e fazê-lo funcionar como você espera em suas ferramentas de desenvolvimento. Mas é também por isso que levamos um pouco mais de tempo para tentar garantir que o que trazemos para a pista seja bem-sucedido. Então, sim, posso confirmar que temos algumas coisas chegando para as próximas corridas", admitiu o chefe da equipe, Andrea Stella.

Ferrari e Mercedes com estratégias diferentes

George Russell, da Mercedes, durante os treinos livres do GP da Holanda
George Russell, da Mercedes, durante os treinos livres do GP da Holanda Imagem: Reprodução/Mercedes
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As equipes que estão em terceiro e quarto lugares no campeonato também terão novidades em Austin, mas com táticas diferentes. A Ferrari introduziu um novo assoalho em Monza, e só no GP dos Estados Unidos terá a prova final se ele resolveu os problemas com os saltos, que voltaram a atormentar o time após a atualização do GP da Espanha, em junho. Isso porque a pista de Austin tem curvas de alta velocidade, onde o problema aparece de forma acentuada.

Não coincidentemente, a equipe não planeja mais grandes atualizações daqui até o final do ano, já tendo encerrado há semanas o trabalho no túnel de vento do carro deste ano.

"Todos sabemos que já começamos o desenvolvimento do próximo carro, e vamos fazer o máximo para trazer upgrades pequenos na próxima corrida", disse Fred Vasseur, referindo-se a Austin. "Acho que vai ser o último upgrade para todo mundo, e certamente será para nós."

Já a Mercedes, cujo rendimento caiu a partir do GP da Holanda, planeja introduzir peças menores em algumas corridas nesta reta final, e não concentrar as novidades em Austin. Isso pode ser positivo, lembrando que o GP dos Estados Unidos será disputado em formato sprint e, por isso, há apenas um treino livre para as equipes se prepararem.

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