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GP mexicano se inspira no Brasil para se preparar para a vida sem Perez

Sergio Perez é praticamente uma unanimidade no México e as camisetas e bonés da Red Bull vendem tão bem quanto os ingressos para o GP de seu país: para a corrida deste domingo, as quase 400 mil entradas se esgotaram em duas horas. Empresas fazem fila para terem seus setores VIP no evento, e o cálculo dos organizadores é de que, se o evento pudesse comportar 600 mil pessoas ao longo do final de semana, haveria demanda. Mas e sem Perez? Há a possibilidade real da corrida que começa às 17h ser a última do mexicano em casa, e o GP da Cidade do México se inspira no Brasil para continuar sendo um evento de sucesso.

"Eu diria que é tudo uma questão de marketing. O marketing certo. Se eventualmente não tivermos o Checo, faremos o país torcer por outro", disse o presidente do GP, Alejandro Soberón Kuri, ao UOL.

"Quando você vai para a corrida brasileira, você vê o número de torcedores que Lewis Hamilton tem. Ele passou a ser o piloto local, já que não tem piloto brasileiro. Então, é uma questão de heróis, competição, evento esportivo com heróis. E claro, precisamos ter um herói na pista. É muito melhor ter um herói local. Mas caso você não tenha, vamos encontrar o herói certo para seguir. Ele vai se surpreender, sentindo que está em casa, no México. Só precisamos trabalhar isso."

Um piloto que desponta nesse sentido é Charles Leclerc. Soberón lembrou que, quando o GP da Cidade do México voltou ao calendário, em 2015, havia muitas camisetas vermelhas na arquibancada por conta da Ferrari. E o monegasco é daqueles que realmente gosta da cultura mexicana e até entrou no paddock na quinta-feira vestido de mariachi.

Mas os organizadores da corrida do México acreditam que têm uma "gordura" para queimar. Federico González Compeán, diretor do GP, acredita que, sem Perez, as vendas devam cair em 20 a 25%. Mas, mesmo assim, a demanda atual é tamanha que o evento deve ter os ingressos esgotados. "Acreditamos que fizemos um bom trabalho de fidelização, as pessoas gostam de vir para o nosso evento. E sempre trabalhamos para termos um terço de estrangeiros, um terço de mexicanos em geral e um terço de espectadores da Cidade do México em si."

Um grande teste para o futuro sem Checo será logo depois da prova. Os organizadores planejam vender os ingressos para o ano que vem no meio de novembro. Por ora, Perez está confirmado para a próxima temporada, mas a própria Red Bull confirma que a situação pode mudar se ele não melhorar suas performances. O time inclusive promoveu recentemente Liam Lawson equipe RB para avaliar se ele seria uma boa opção para substituir o mexicano, que não foi bem na classificação e vai largar apenas em 18º na prova que tem Carlos Sainz na pole position.

"Acho que a combinação de ter um mau desempenho na pista sem um piloto local é muito difícil de superar. Mas a combinação de um bom show na pista sem piloto, ou um piloto local com um show ruim, você pode se safar. E acho que temos um ótimo show", salientou Soberón.

Um ótimo show e um ótimo evento, e esse é um ponto positivo para o GP da Cidade do México, que coleciona prêmios de melhor organização do campeonato. A empresa que organiza o GP não é do ramo automobilístico, mas sim de eventos de entretenimento, e várias das soluções implementadas no México são copiadas em outras provas. "Pessoas de outros países vêm para cá pedindo um manual de como conseguir uma corrida de F1, gostaria que fosse tão fácil assim! Você precisa gastar dinheiro para oferecer uma experiência melhor, e daí pode cobrar mais caro por isso e tornar toda a operação mais sustentável".

A prova de 2025 será a última do atual contrato do GP da Cidade do México e os organizadores já estão em negociações para uma extensão e atualmente contam com o apoio tanto municipal, quanto federal. Não foi sempre assim nos últimos anos e inclusive foi por isso que a corrida deixou de se chamar GP do México. Novamente, uma história parecida com o que aconteceu em São Paulo.

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