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Ser titular na F1 logo de cara como Bortoleto é uma boa? Pilotos se dividem

O brasileiro Gabriel Bortoleto vai estrear no GP da Austrália de 2025 com menos experiência em um carro de Fórmula 1 do que os outros pilotos novatos que já estão confirmados em um grid que vai mudar bastante na próxima temporada. E não é só isso: Oliver Bearman, Kimi Antonelli e Jack Doohan passaram toda a temporada acompanhando de perto o trabalho de Haas, Mercedes e Alpine, respectivamente, enquanto Bortoleto focou mais em seu campeonato da Fórmula 2 e esteve mais raramente observando de perto o que era feito na McLaren.

Aqui cabem algumas explicações. Bortoleto foi piloto da academia da McLaren por toda essa temporada, inclusive andou no simulador de F1 algumas vezes. Mas sua experiência não é a mesma de Bearman e Doohan, que tinham o papel de piloto reserva, participando das reuniões das quais os titulares também participavam durante as corridas - e, no caso de Bearman, fazendo três corridas, uma na Ferrari e duas na Haas - ou mesmo de Antonelli, que já fez duas sessões de treinos livres e é o novato que fez o programa de testes privados mais extensos dos três.

Até aqui, Bortoleto só andou de F1 em um dia de teste. Quando a temporada da F2 terminar, ele terá mais um dia, já na sua equipe para o ano que vem, a Sauber, e, no começo de 2025, o plano do time é que ele faça testes com carros antigos (de 2023, como prevê o regulamento) antes da pré-temporada, em que terá apenas um dia e meio no carro.

Questionado pelo UOL Esporte sobre a importância dessa experiência, George Russell, piloto que teve trajetória semelhante àquela de Bortoleto na base, disse que, mesmo sem passar por um período como reserva, ele se sentiu pronto para disputar vitórias na F1 em seis meses de carreira.

"Chega uma hora que você tem que nadar onde não dá mais pé. Você aprende a nadar no raso, mas chega uma hora que tem que ir para onde é mais fundo", definiu o britânico, que acabou tendo de esperar três anos para ter um carro competitivo.

"Se você ganha a Fórmula 3 na sua primeira temporada e vence a Fórmula 2 na sua primeira temporada, sem dúvida você está pronto para a Fórmula 1. E você merece estar no grid da Fórmula 1. Claro que ficar, como eu, três anos lutando no fundo do pelotão, é uma boa preparação. Mas em seis meses eu provavelmente já me senti pronto para lutar por vitórias e campeonatos."

Lawson explica por que acha que é importante ser reserva

Liam Lawson, piloto da AlphaTauri
Liam Lawson, piloto da AlphaTauri Imagem: Divulgação/Site oficial da AlphaTauri

Liam Lawson, que deve finalmente fazer sua primeira temporada completa na F1 ano que vem, depois de substituir Daniel Ricciardo por cinco corridas em 2023, e de ficar com o lugar do australiano nas seis últimas etapas deste ano, tem outro ponto de vista. Ele foi reserva por três anos e acha que pilotos que não tiveram essa experiência tendem a sofrer mais.

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"Acho que a Fórmula 1 é muito avançada em comparação a tudo, todas as outras categorias do mundo em que corremos. A menos que você esteja aqui, vivenciando e se envolvendo, você nunca entende o que realmente acontece. E, para caras que não vivenciam um período como piloto reserva, você pula direto no carro e obviamente recebe seu feedback do seu engenheiro, mas não vê o que acontece em segundo plano", disse o neozelandês ao UOL Esporte.

"E é incrível a quantidade de comunicação e trabalho de tantas pessoas que acontece em segundo plano em cada sessão. É tanta coisa que acontece que você nunca vê como piloto, a menos que seja um reserva. Ao mesmo tempo, os carros são tão avançados que aprender como eles operam e aprender obviamente como maximizá-los no simulador e coisas assim é uma parte fundamental de ser um reserva. Provavelmente fazemos mais desenvolvimento do que os pilotos titulares porque o tempo deles é gasto na preparação para fins de semana de corrida. Então é por isso que, para mim, foi tão valioso fazer isso."

Certamente, a curva de aprendizado de um piloto na situação de Bortoleto é mais íngreme. Mas o próprio chefe da operação da Audi, Mattia Binotto, disse que escolheu o brasileiro pela capacidade de encontrar saídas em situações difíceis, usando como exemplo o começo ruim do início de sua temporada na Fórmula 2.

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