F1 renova com Mônaco, mas provas europeias vão perder espaço em breve
A Fórmula 1 anunciou a renovação do contrato do GP de Mônaco até 2031, fechando uma extensão de seis anos para um contrato que iria até a corrida do ano que vem. Porém, mesmo com a continuidade de uma das provas mais tradicionais do calendário, mudanças importantes na temporada europeia são esperadas já para 2026.
Até o momento, a F1 vem adicionando provas ao calendário para atender à demanda de novos interessados. Nos últimos anos, Miami, Las Vegas, Arábia Saudita e Qatar estrearam. Mas há uma longa lista de interessados. E a avaliação das equipes é de que o número atual, de 24 corridas por ano, é o limite do calendário, até porque eles operam com um teto orçamentário e isso limita a possibilidade de rotação dos profissionais.
Não é raro, inclusive, ouvir que os times têm tido dificuldade para contratar e, principalmente, manter profissionais mais especializados, já que estão limitados no que podem oferecer em termos de salário e necessitam tirá-los por muitos dias ao ano de casa.
Por outro lado, há interessados oferecendo pagar mais caro do que corridas que estão atualmente no calendário, e há mercados em que a F1 ainda é pouco representada. O grande exemplo é o continente africano, que não tem nenhuma corrida há décadas. E também há novos interessados, como os argentinos. A Coreia do Sul, por sua vez, já assinou um contrato de intenção para voltar a receber uma etapa, e a Tailândia tem um projeto adiantado.
Bélgica e Holanda devem iniciar rotação
A solução para isso será diminuir o número de datas na Europa no ano, mas seguir correndo nos mesmos lugares, em um sistema de rotação. As duas primeiras candidatas para iniciar esse processo são Holanda e Bélgica, dois GPs que vivem lotados, mas que têm dificuldade para se pagar anualmente por questões de logística e por não receberem ajuda governamental, como ocorre na maioria dos países, incluindo o Brasil.
Também há dúvidas a respeito do GP de Madri, que foi anunciado neste ano, mas cujo modelo de negócio sem dinheiro público não tem funcionado até o momento. Esse é um dos motivos para Barcelona, que sedia o GP da Espanha atualmente, não ter desistido de se manter no calendário.
Essa informação sobre as rotações no calendário europeu, que é uma ideia que só não saiu ainda do papel por conta de contratos vigentes, foi confirmada recentemente pelo CEO da F1, Stefano Domenicali, durante uma conversa com acionistas.
"Temos notícias para compartilhar muito em breve sobre a possibilidade de rotação de alguns GPs na Europa a médio-prazo e outras opções", disse Domenicali. "É verdade que temos uma ampla demanda de novas provas possíveis querendo entrar e nossa escolha sempre vai ser um equilíbrio entre os benefícios econômicos e o crescimento em mercados nos quais vemos um potencial para nosso negócio."
Até Mônaco perdeu suas mordomias
Mesmo os últimos contratos de Mônaco mostram uma diminuição no poder de barganha das corridas mais tradicionais do campeonato nos últimos anos. Mônaco foi perdendo aos poucos, desde que a Liberty Media assumiu o controle da parte comercial da F1, em 2017, as regalias que tinha. Desde o não pagamento de uma taxa anual milionária para receber a prova até ser a única a gerar suas próprias imagens de transmissão, a cada contrato, Mônaco ia ficando mais "normal".
E mais um passo foi dado agora: a prova do ano que vem, última do contrato vigente atualmente, também será a despedida da data "fixa" do último final de semana de maio. A partir de 2026, a prova será realizada no início de junho.
Há dois motivos bastante prováveis para isso. No anúncio do novo contrato, Domenicali menciona a questão da sustentabilidade. Um dos problemas centrais do calendário em termos de logística é o posicionamento dos GPs de Miami (no início de maio) e Canadá (primeira quinzena de junho). Se Canadá e Miami puderem ficar próximos, isso seria resolvido.
Outra questão é o "embate" anual entre o GP de Mônaco e as 500 Milhas de Indianápolis. A prova monegasca deste ano já foi a corrida de F1 mais assistida na história da TV americana. Tirá-la da data das 500 Milhas ajudaria ainda mais nestes números.
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