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Líder dos pilotos, Russell diz que eles estão 'de saco cheio' da federação

O GP de Las Vegas é a etapa queridinha da Liberty Media, que é a dona da F1 e a promotora da corrida que, ainda por cima, pode decidir o campeonato de pilotos, com Max Verstappen podendo perder até três pontos para Lando Norris neste GP para ser tetracampeão. Mas o dia de entrevistas da prova começou com um clima menos festivo, após o desligamento do diretor de provas, Niels Wittich, ter pego os próprios pilotos de surpresa.

"Definitivamente, nós não sabíamos. Foi uma surpresa, acho, para todos e agora há muita pressão no novo diretor nas últimas três corridas. É muito comum que nós sejamos os últimos a saber. E é algo que envolve a gente e seria bom que nós entendêssemos por que essas decisões estão sendo tomadas", disse George Russell, que é o presidente da GPDA, a associação dos pilotos.

"Há vários pilotos que se sentem um pouco fartos de toda a situação e parece que as coisas estão indo apenas até certo ponto na direção errada".

Wittich foi desligado com três corridas para o final da temporada. No comunicado oficial, a FIA, Federação Internacional de Automobilismo, que serve como órgão regulador da Fórmula 1, disse que ele estava indo atrás de "novos desafios". Mas o próprio Wittich confirmou à publicação Motorsport Magazin que apenas foi comunicado, pouco tempo antes do anúncio, que seus serviços não eram mais requisitados.

Não se sabe qual o motivo da decisão. Mas há um contexto em que os pilotos, em um movimento bastante raro na história da Fórmula 1, se mostraram recentemente unidos contra algumas decisões da FIA, especialmente posturas do próprio presidente da entidade, Mohammed Ben Sulayem.

Em Las Vegas, Russell deixou claro que a insatisfação é centrada em Ben Sulayem, cujo atual mandato vai até o final de 2025 e cujos esforços têm sido todos na direção de garantir a reeleição.

Russell chegou a dizer que não era difícil ter uma reunião com o presidente, mas salientou que "ter promessas cumpridas é outra coisa".

Uma série de pontos questionados pelos pilotos, que acabaram culminando com a punição a Max Verstappen no GP de Singapura por ele ter falado palavrões quando se referia ao rendimento de seu carro em uma entrevista coletiva, foram levantados em uma carta oficial, publicada após o GP de São Paulo.

"Todos sentiram que, pela maneira como certas coisas aconteceram, queríamos permanecer unidos. No final das contas, só queremos ser transparentes com a FIA e ter esse diálogo. E a saída de Niels é um excelente exemplo de não fazer parte dessas conversas. (A carta) é como se estivéssemos colocando a pressão de volta sobre eles."

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O próprio Verstappen também falou sobre a carta. "Achávamos que tínhamos que falar das nossas preocupações, coisas que não concordamos, e veremos o que sai disso. Até o momento, não aconteceu nada, mas acho que havia muitas coisas internas com as quais a FIA estava lidando."

O piloto da McLaren, Lando Norris, foi outro que demonstrou que os pilotos estão todos do mesmo lado. "Obviamente, as coisas não estão indo tão bem quanto gostaríamos." Ao seu lado na coletiva organizada pela própria FIA, Valtteri Bottas confirmou que eles não têm nenhuma informação sobre a dispensa do diretor de provas e disse que isso seria conversado na reunião após os primeiros treinos livres, que vão ser disputados na quinta-feira a partir das 23h30, pelo horário de Brasília, e às 3h da madrugada de sexta-feira.

Kevin Magnussen, da Haas, lembrou que, não muito tempo atrás, a situação era bem diferente, quando o diretor de corridas da Fórmula 1 era Charlie Whiting, que faleceu às vésperas do início da temporada de 2019.

"Eu comparo com os dias de Charlie Whiting. Ele era alguém com quem nos sentíamos realmente conectados e sentíamos que estávamos realmente sendo ouvidos, mas agora sentimos que somos nós contra eles e deve haver uma conexão mais próxima. Podemos ajudar muito."

Demissão de diretor de prova não resolve nada

O próprio Russell admitiu que os pilotos não estavam totalmente satisfeitos com o trabalho de Wittich desde que ele se tornou diretor de corrida no início da temporada de 2022, mas não acredita que a demissão dele é a melhor solução, ainda mais sem qualquer consulta aos pilotos.

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"Não é segredo que alguns não estavam felizes com o que estava acontecendo em termos das decisões que estavam sendo tomadas, mas ele trabalhou junto conosco e poderíamos ter ajudado a melhorar o assunto", disse Russell.

"Às vezes, apenas contratar e demitir não é a solução. Vamos ver o que essa nova era traz, mas toda vez que você faz uma mudança, você tem que dar um passo para trás antes de dar dois passos para frente."

O alemão foi substituído pelo ex-diretor de corrida de Fórmula 2 e Fórmula 3, Rui Marques, pelo menos nas três últimas etapas da temporada. Wittich tinha sido o substituto de Michael Masi, que se tornou personagem central na decisão polêmica de Abu Dhabi em 2021.

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