É tão difícil assim deixar Michael Schumacher em paz?
Mais um ano se passou sem novidades: há exatos 11 anos, Michael Schumacher sofreu um acidente enquanto esquiava com o filho, Mick, bateu a cabeça em uma pedra, e desde então convive com extensas lesões cerebrais. Ao longo de todo esse tempo, a família do heptacampeão da Fórmula 1 deixou claro que não daria mais detalhes e nem apareceria para negar ou confirmar quaisquer boatos.
Schumacher nunca foi de mostrar muito da vida em família, e seus filhos sempre seguiram a mesma linha. A filha, Gina Maria, ganhou competições de montaria, dividindo a paixão por cavalos com a mãe, Corinna, que se tornou uma empresária de sucesso no ramo equestre. Tudo sem muito alarde. O filho, Mick, quando começou a correr, usava o sobrenome da mãe, Betsch, para não chamar muita atenção.
Eles sempre foram reservados, e é claro que não seria diferente depois de um acidente tão terrível.
Mas parece que as pessoas não entenderam isso, mesmo tanto tempo depois, mesmo com tantas demonstrações de que a postura deles não vai mudar. Ao longo de 2024, houve um bom exemplo disso: o jornal (muitas vezes sensacionalista) alemão Bild publicou que Michael Schumacher esteve presente no casamento da filha, Gina Maria. Logo foi ficando mais claro que a tal notícia era mais baseada no fato de que os convidados não podiam levar celular do que em qualquer outra coisa mais concreta. A família nem confirmou, nem negou, e não se falou mais nisso.
Eles só se posicionam judicialmente, e esse foi outro capítulo da história de Schumacher pós-acidente que aconteceu nos últimos meses. Uma ex-enfermeira está sendo investigada por tentar chantagear a família, em uma ação que envolveu um ex-segurança e outro comparsa. Eles tentavam extorquir 15 milhões de euros (equivalente a quase R$ 100 milhões) com a divulgação de fotos e vídeos.
Esse cerco duro que a família faz pelas vias legais é a chave para manter a privacidade do ex-piloto. Nenhum meio de comunicação vai comprar essas imagens, que já foram ofertadas diversas vezes desde o acidente.
Existe também a compreensão dentro da própria mídia que trabalha diretamente com a Fórmula 1 que este não é um assunto a ser tocado. Sabe-se que algumas pessoas que fizeram parte da história de Schumacher na categoria, como Felipe Massa, por exemplo, visitam o heptacampeão, mas também sabe-se que, tirando um ou outro comentário indiscreto do ex-chefe da Ferrari, Jean Todt, ninguém vai dar detalhes.
A própria passagem do filho de Michael, Mick, como titular e depois reserva na F1, deixou claro qual o limite do assunto. Ele sempre esteve muito bem treinado para falar do pai, de um jeito que não fazia mais sentido tentar perguntar qualquer coisa.
Foi assim desde o começo. Nunca vou esquecer da primeira entrevista que ele deu como piloto da Fórmula 2, no Bahrein, em 2019. Era uma coletiva, com uns 20 jornalistas em pé ao redor de uma mesa, tentando tirar algo de alguém que, até então, raramente dava entrevistas. Até que um colega holandês perguntou o que ele lembrava das viagens que fazia com os Verstappen, de quando eles iam esquiar juntos.
"Esquiar?", perguntou Mick com a cara incrédula. A assessora Sabine Kehm, que trabalhou anos com Michael, declarou a entrevista como encerrada. A rodinha se desfez.
Talvez devêssemos também desfazer a rodinha ao redor de Schumacher.
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