FIA recebe R$ 152 mi por inscrições, mas não tem dinheiro para 'juízes'
Um assunto mal resolvido da última temporada da Fórmula 1 e que deve voltar a estar em pauta neste ano novamente é a pressão para que a Federação Internacional de Automobilismo tenha comissários esportivos, que são como os juízes das corridas, profissionais. Isso tem esbarrado na questão de quem pagaria a conta para isso, e a FIA acaba de ter um aumento de receita vindo justamente das equipes.
Cada time tem que pagar uma quantia determinada por ponto conquistado no campeonato anterior para se inscrever para a temporada seguinte. A F1 acaba de ter a temporada mais longa da história, com 24 corridas, além de seis sprints, então o último campeonato foi o que ofertou o maior número de pontos da história, de longe.
Esses pontos a mais e a correção da inflação em relação ao ano anterior significaram um aumento de quase US$ 2 milhões (mais de R$ 11 milhões) no montante total que as equipes pagaram à FIA pelas inscrições.
No total, as inscrições somadas geraram perto de US$ 25,8 milhões (R$ 152 milhões). A McLaren, campeã de construtores, pagou pouco mais de US$ 6 milhões, e a Sauber, última colocada, pagou pouco mais de US$ 700 mil.
O cálculo é feito da seguinte forma: todas as equipes pagam uma taxa básica de US$ 680.203. A campeã paga US$ 8.161 por ponto marcado e as demais, US$ 6.799 por ponto.
FIA "não tem dinheiro" para comissários profissionais
Todo e qualquer aumento de receita da FIA chamará a atenção depois que o presidente da entidade, Mohammad ben Sulayem, disse que a federação não tem como arcar com o treinamento e contratação de comissários profissionais, em meio a cobranças da associação de pilotos por mais consistência no julgamento de infrações nas pistas.
Atualmente, a FIA arca com a viagem, hotel, e dá uma ajuda de custo. Mas os comissários convidados não recebem salário e nem são treinados, embora tenham que conhecer as regras e tenham o apoio de informações de decisões anteriores para se basearem. Um deles sempre é obrigatoriamente um ex-piloto.
"Entendo o ponto de vista deles de ter talvez como a Premier League, juízes que são pagos. Mas não temos o dinheiro para fazer isso", disse Sulayem, acrescentando que não cabe aos pilotos questionar como a FIA usa seu dinheiro.
"Os pilotos recebem mais de 100 milhões de dólares [apenas nomes como Verstappen e Hamilton chegam a essa cifra contando todos os seus contratos]. Eu pergunto onde eles gastam? Não, eles que decidem. É o direito deles. Então, por favor, não sou só eu que digo que não é da conta deles. Fazemos o que for com nosso dinheiro, e isso é problema nosso. É sempre a FIA. Por que estamos fazendo isso ou aquilo? Alguém perguntou para a FOM?", questionou o presidente, citando os detentores dos direitos comerciais da F1.
Por que a FIA está sendo pressionada?
A pressão recai sob a FIA porque cabe à entidade cuidar dos regulamentos e do policiamento do cumprimento dessas regras. São membros da FIA, por exemplo, que são os responsáveis pela vistoria dos carros e por fazer regras. Nessas áreas, há uma mistura de profissionais muito qualificados e pagos e voluntários.
Os comissários atuais são escolhidos pela FIA e tomam decisões em nome da entidade. Quando os pilotos são penalizados com multas em dinheiros, é a FIA quem arrecada os valores. Então é mesmo natural que a entidade seja cobrada por esse treinamento e pela profissionalização dos "juízes" da F1.
Mas, do lado de Sulayem, é um bom momento de jogar isso no ar sem assumir a responsabilidade por essa conta. Afinal, este é um ano de negociações importantes para o novo Pacto da Concórdia, o contrato tripartite entre a FIA, a Liberty Media (ou FOM, como ele se referiu) e as equipes determinando todas as bases de como a Fórmula 1 vai funcionar nos próximos anos.
É uma boa oportunidade para essa questão ser resolvida, e também para a FIA fugir dessa conta. Na Premier League, citada por Sulayem, por exemplo, os juízes são contratados pela Professional Game Match Officials Limited (PGMOL), uma entidade mantida pela Premier League, a English Football League (que rege a segunda, terceira e quarta divisões do futebol inglês) e a Football Association (equivalente à CBF na Inglaterra).
Ou seja, é em parte a federação e em parte o campeonato em si que arca com os salários. Seria uma saída perfeita para a FIA e não tão ruim quanto possa parecer para a Liberty Media, que por várias vezes nos últimos anos tentou assumir funções que antes eram apenas da federação, incluindo a definição das regras técnicas.
4 comentários
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Delcio de Oliveira Junior
A F1 não precisa de Juízes e ainda por cima ex-pilotos tacanhos com poder de decisão e recalcados por nunca terem vencido . É fácil, volta a boa e velha zebra alta , brita , caixa de areia e sem track limits, quero ver subir na zebra e ir parar fora da pista , na grama , areia ou brita , ponto. Essa discussão parece cachorro correndo atrás do próprio rabo .
Marlus Berghahn Lima
Ju só passando para dizer (novamente) que vc é uma gata, em Março vou para a Itália, me encontra lá?? ;)
Ricardo Reis
Todos os esportes estao na mesma...arbitros sao vistos como desnecessarios, sao custos...qdo querem fazer cortes, sempre comecam com os arbitros...