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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

"Mineirão precisa do futebol, mas não de graça", diz diretor da Minas Arena

Colunista do UOL

15/02/2023 12h47Atualizada em 13/03/2023 16h04

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O diretor da Minas Arena, Samuel Lloyd, afirma que está aberto ao diálogo com o Cruzeiro e que entendia estar muito perto do acordo, no final do ano passado, quando foi surpreendido por uma declaração de Ronaldo Nazário, proprietário da SAF do Cruzeiro. Numa live, o craque da Copa de 2002 disse que a relação com o Mineirão estava rompida.

Lloyd afirmou, em conversa telefônica com este colunista, que o Mineirão nasceu para o futebol e precisa dos jogos do Cruzeiro. "Mas não pode ser de graça. O Mineirão quer o futebol, nasceu para o futebol, mas sobrevive sem os jogos", diz o diretor da Minas Arena.

A declaração não foi em tom de ameaça. Ele diz que, desde a reinauguração, houve apenas um ano de superávit. Aconteceu em 2022, quando finalmente pôde contar com partidas de Cruzeiro e Atlético, além de muitos espetáculos musicais. Ele afirma que pretende a reaproximação.

O Cruzeiro afirma ter feito uma proposta para participar das vendas de camarotes, bares e áreas vips em agosto e só recebeu resposta negativa em dezembro. Queria ser sócio no risco e no lucro,. "Neste período, conversamos e pedimos um plano de negócios", argumenta Samuel Lloyd. "Precisávamos entender se ia parar de pé. Mesmo assim, eu ia entrar numa entrevista para falar dos planos para 2023, do acordo próximo com o Cruzeiro, quando fui surpreendido pelo anúncio da ruptura", argumenta Lloyd.

Por outro lado, Lloyd diz que, depois da criação da SAF, o Cruzeiro passou a vender as áreas Vip no segundo semestre do ano passado, parte do que pretende num eventual novo contrato. Depois de vender, não repassou o dinheiro para a Minas Arena, valor aproximado de R$ 600 mil. Não se trata de uma dívida, porque já houve renegociação. Mas também lembra que o Cruzeiro, a associação, não a SAF, tem um passivo de aproximadamente R$ 30 milhões com o Mineirão.

Na sua visão, o futebol traz mais custo do que os espetáculos musicais, mas o estádio tem lucro dependendo de três questões somadas: jogos do Atlético, jogos do Cruzeiro e shows.

Sem o Atlético a partir de maio, quando se planeja a inauguração da MRV Arena, a possibilidade de o Mineirão ser lucrativo baseia-se na diminuição das despesas. Parece contraditório, mas Lloyd explica que, atualmente, deve estar preparado para qualquer demanda. Se o Atlético quisr jogar sábado e o Cruzeiro domingo, o Mineirão precisa atender. Se souber que o Atlético não jogará, o dinheiro diminui, mas a manutenção também pode ser montada de forma diferente.

Se o plano for de 36 partidas, em vez de 66, o custo pode diminuir. A lucratividade também. O Mineirão pode estar muito bem preparado para receber o Cruzeiro o ano todo.

Muito importante entender como aconteceu o processo licitatório, treze anos atrás. Diferentemente do Maracanã, em que o estado fez o investimento para a reforma, e depois entregou ao grupo vencedor da concessão, o governo de Minas disse que não tinha dinheiro para a reconstrução. Fez a licitação, para o grupo que se comprometesse a reconstruir o estádio pelo valor mais baixo. A concessionária tomou o empréstimo com o BNDES, comprometeu-se a reformar o Mineirão com R$ 677 milhões.

O estado devolve este dinheiro no prazo de 25 anos, O valor corrigido já valeu depósitos somados de R$ 1,1 bilhão ao governo mineiro.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL