O contraste entre a euforia das contratações e o êxtase dos grandes títulos

As duas contratações de maior impacto midiático no início de 2023 são do Fluminense e do Grêmio. Marcelo é uma alegria.

O retorno para o lugar em que se formou, depois de passar metade da vida no exterior, é encantador. Não deixa de ser como o verde da esperança, do hino tricolor, porque não se sabe se Marcelo jogará como no Real Madrid, depois de passar seis meses sem brilho no Olympiacos.

Luis Suárez tem nove gols em dez jogos. Imagina-se o que poderá fazer no Campeonato Brasileiro. Talvez, menos.

O contraste de Fluminense e Grêmio são os dois times brasileiros mais vencedores dos últimos cinco anos. O Flamengo só contratou um jogador para este primeiro semestre, o Palmeiras, nenhum.

Houve certa frustração da torcida palmeirense durante a semana, pela desistência de contratar Andrey Santos. O volante serve perfeitamente ao Vasco, que pretende contar com seu talento pelos próximos cinco meses, com um deles ausente, para disputar o Mundial Sub-20.

Para o Vasco, a transferência serve, pelo momento do clube. Para o Palmeiras, não.

O mercado palmeirense não tem a agressividade que havia entre 2015 e 2020. Faça a conta, Naqueles primeiros cinco anos de reconstrução, foram três títulos — dois Brasileiros e uma Copa do Brasil. Nas últimas três temporadas, com a direção cortando 20% dos custos, por causa de uma dívida que chegou a R$ 500 milhões, foram oitro troféus: duas LIbertadores, um Brasileiro, uma Copa do Brasil, dois Paulistas, uma Recopa Sul-Americana, uma Supercopa.

Ainda que as Supercopas e Recopas tenham valor discutível, foram oito troféus. O Flamengo ganhou Libertadores e Copa do Brasil no ano passado, com oito reforços. Entre eles, o mais badalado da temporada passada, Éverton Cebolinha..

Os exemplos de Flamengo e Palmeiras também são diferentes e mostram que é possível ganhar ou perder com altos investimentos ou apenas pontuais. Há, no entanto, um dado da temporada passada que faz lembrar o presidente do Internacional, campeão mundial em 2006. Fernando Carvalho costumava dizer que torcida não tem de ir ao aeroporto recepcionar craque contratado, mas time vencedor.

Pois os colorados nunca foram ao aeroporto Salgado Filho tão felizes, quanto para pedir desculpas a Adriano Gabiru, depois do gol do título contra o Barcelona.

Na temporada passada, as dez maiores contratações foram, pela ordem: Éverton Cebolinha (Flamengo), López (Palmeiras), Fausto Vera (Corinthians), Ayrton Lucas (Flamengo), Patrick de Paula (Botafogo), Galoppo (São Paulo), Bruno Tabata (Palmeiras), Vítor Roque (Athletico Paranaense), Atuesta (Palmeiras), Santos (Flamengo).

Destes, titulares são Vítor Roque e Santos, mas o goleiro rubro-negro sabe que Rossi chegará no meio do ano. Fausto Vera está no banco por retornar de lesão, Ayrton Lucas joga enquanto Filipe Luís não volta, Patrick de Paula entra e sai da equipe, Galoppo virou titular recentemente.

O mercado também mudou e os principais reforços podem chegar em março, para a estreia na fase de grupos.

A torcida é para que investimentos em Luis Suárez e Marcelo deem muito resultado. Foram tiros certos, até prova contrária. Mesmo assim, o Brasil anseia pelo dia em que revele craques de 17 anos que permaneçam aqui até os 34. Bem-vindos os veteranos, também. Mas vai ser bem melhor, quando os mais talentosos passarem metade da vida em seus clubes brasileiros de origem.