A culpa da crise do Botafogo não é de Luís Castro

André Mazzuco foi preciso em sua entrevista coletiva após a eliminação do Campeonato Carioca.

Disse que tudo é avaliado todo o tempo, inclusive a comissão técnica.

O problema será atribuir à comissão técnica e ao treinador Luís Castro toda a responsabilidade, numa semana em que se soube que o Botafogo atrasa salários, luvas e FGTS.

John Textor tem todo o direito de debater e pedir segurança jurídica à Lei da SAF, depois de decisões judiciais que atribuem à sociedade anônima responsabilidades que são do clube, associação desportiva, a partir da legislação.

O debate proposto por Textor é necessário.

Por outro lado, não pode quebrar a expectativa dos jogadores que chegaram acreditando poder recuperar uma das maiores marcas do futebol mundial, o Botafogo. Há uma nuvem que sobrevoa General Severiano, a lembrança de atrasos salariais em gestões diferentes, de Charles Borer a Carlos Augusto Montenegro. Em 2019, em meio aos boatos de que quitaria débitos, Montenegro disse a este blog que não os quitaria por não ter dinheiro e que, se tivesse, não pagaria por superstição — ganhou o Brasileiro de 1995 com quatro meses de atrasos.

Declarações assim tiravam credibilidade e dificultavam contratações de jogadores importantes. Quando o clube finalmente recupera a crença dos jogadores de alto nível, contrata Adryelson, Cuesta, Tiquinho Soares, atletas com mercados em outros países, imagina-se que tudo fique em dia. A quebra de expectativa dificulta a cobrança por desempenho dentro do vestiário.

Resvala em Luís Castro.

O próprio treinador já disse que não está satisfeito com o desempenho da equipe que treina. Seu trabalho já foi melhor, a performance alvinegra já esteve em mais alto nível e parte da responsabilidade é do técnico.

Mas atribuir tudo a Luís Castro é negar a realidade, numa semana em que fica clara a necessidade de corrigir detalhes para que a SAF ajude o Botafogo a ser Glorioso, como sempre foi..