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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

O escândalo de Berna e a nova versão de Cuca

Colunista do UOL

21/04/2023 19h24

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O caso conhecido como "Escândalo de Berna", publicado com este título pela revista Placar, em 1987, foi muito mais do que um escândalo. Foi crime. Gravíssimo!

Estupro é crime hediondo e deveria ter 25 anos de punição. Na Suíça de 1987, eram 6 a 10 anos de cadeia.

O goleiro Chico foi condenado a três. Impossível saber o que pensou o juiz que deu metade da pena, por ter julgado "sexo com menor de idade" "sexo com vulnerável." A ausência de provas de violência física derrubou a tese do estupro. Erro da Justiça suíça. O simples toque no corpo de alguém pode ser violência. Se não for consentido, pode ser estupro.

Jamil Chade já contou bem esta história aqui no Uol. Juridicamente não é correto dizer que houve condenação por estupro.

Nada tira a gravidade do caso.

O fato novo trazido por Cuca é o crime ter acontecido num "quarto duplo" ou "um quarto em L." Fica a dúvida se o quarto era duplo, porque tinha uma porta, como aqueles que muitas vezes são alugados por casais com filhos adolescentes, em hoteis do Brasil ou do exterior. O mesmo quarto separado por uma porta que pode ser trancada? Ou um quarto em L, em que você pode ouvir tudo o que se passa do outro lado, mesmo separado só por uma parede?

Talvez a razão de a vítima não reconhecer Cuca como agressor, no que se sabe do processo?

Henrique, zagueiro do Corinthians campeão paulista de 1995 e 1997, da Copa do Brasil de 1995, foi condenado a 15 meses, como Cuca, por estarem no local do crime: o quarto. Seja em L ou duplo. Por isso, pegaram 15 meses.

A questão de o julgamento ter acontecido dois anos depois, sem a presença dos acusados, mas com advogados do Grêmio, não cabe como defesa. Um acusado só não vai ao seu julgamento se não der atenção ou preocupação à sentença.

A condenação foi noticiada no Brasil, em 1989.

Os representantes de Cuca já afirmaram terem contratado advogados na Suíça para recuperarem o processo inteiro. Estes advogados trouxeram a informação, aos representantes do treinador, de que o processo foi incinerado, depois de prescrito.

Em nenhuma de suas entrevistas coletivas anteriores, Cuca abriu-se tanto a falar do caso.

A condenação não foi nem será cumprida. Hoje, ele pode ir à Suíça.

Cuca só, não. Os quatro. Sempre bom dizer que o crime foi cometido por quatro jogadores do Grêmio, em 1987: Chico, Cuca, Fernando e Henrique.

Observação: Eduardo, sempre presente nos processos, era chamado de Chico, nos tempos de promissor goleiro do Grêmio, América-RJ e Bahia, semifinalista do Brasileirão de 1990. Por isso, aqui ele está listado com o nome que usava profissionalmente.