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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Quarenta anos da venda de Zico! Quarenta anos sem o Brasil do futebol

Colunista do UOL

02/06/2023 16h37

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"Agora como é que eu fico nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã? Agora como é que eu me vingo de toda derrota da vida, se a cada gol do Flamengo eu me sentia um vencedor?" A letra da canção "Saudades do Galinho", de Moraes Moreira, composta logo depois da venda de Zico para a Udinese, explica o que significou para o futebol do Brasil a saída de seu maior ídolo dos anos 1980.

A sacada de que 2 de junho é a data redonda dos quarenta anos da venda mais dolorida da história do Brasil é do amigo Carlos Eduardo Mansur, em texto brilhante no GE.

Se há um livro chamado "Foreign Revolution" sobre a revolução dos estrangeiros na Inglaterra, a saída de Zico deveria se chamar "O Fim do Brasil." Aquele que conhecemos, que Milton Nascimento e Wilson Simonal cantaram. Sabe? "Brasil está vazio na tarde de domingo, né? Olha o sambão, aqui é o país do futebol."

Incrível Zico ter sido vendido três dias depois do registro do maior público em jogo de Campeonato Brasileiro até hoje, 155 mil pagantes para Flamengo 3 x 0 Santos, final de 1983. A primeira página de O Globo tinha Antônio Augusto Dunshee de Abranches, presidente responsável pela venda, chorando lágrimas de crocodilo com o manto rubro-negro como lenço.

O futebol brasileiro nunca mais foi o mesmo, ainda que Zico retornasse dois anos depois.

Não é por Zico.

É o conceito.

O Brasil prefere a lógica de vender seu futebol, parte de sua cultura, de sua vida cotidiana.

Vende-se para Portugal, Turquia, Rússia,.. O Brasil vende para países de economia menor e campeonatos maiores.

O mundo globalizado vai levar italianos para a Inglaterra, ingleses para a Alemanha, brasileiros para o mundo todo. O Brasil é o único país com jogadores campeões da Champions League em todas as finais do século 21.

Alguns deles bem poderiam estar aqui dentro.

"Como é que eu fico nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã? Como é que eu me vingo de toda derrota da vida, se a cada gol do Flamengo eu me sentia um vencedor?"