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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Crise entre Palmeiras e W. Torre só será resolvida com diplomacia

Colunista do UOL

23/06/2023 15h26

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Leila Pereira não é precursora da crise do Palmeiras com a W. Torre.

O ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo estava no hospital, curando-se de um problema cardíaco, quando foi informado pelo conselheiro José Cirillo Júnior de que um conselheiro tinha se atirado ao chão, para impedir que os tratores começassem a reconstrução do velho Parque Antarctica.

A lenda é que Belluzzo teria mandado demolir o velho Palestra Itália, enquanto os conselheiros não aprovavam a remodelação.

Não é verdade.

Mas, na fila da eleição para conselheiros vitalícios, um senhor aproximou-se do então presidente e disse: "O senhor transformou nosso clube em ruínas." Fátima Belluzzo, ex-esposa do dirigente, indagou: "Já se olhou no espelho? O senhor é que está em ruínas."

Comparar a vida atual do Palmeiras à que existia nos anos imediatamente anteriores ao Allianz Parque só serve como nostalgia.

No início da obra, o clube contraiu empréstimos no BMG, para saldar suas penhoras. Belluzzo foi suspenso por um ano, acusado de má gestão. E quem penhorou o Palmeiras? O clube era uma tragédia. Hoje não é e o Allianz Parque é parte do sucesso esportivo dos últimos dez anos.

Leila Pereira conhece a Sociedade Esportiva que preside.

Ao afirmar que o Allianz Parque é um péssimo negócio, faz parecer que não conhece.

Antes do Allianz, por exemplo, a Crefisa não se interessou por patrocinar o Palmeiras, apesar da conhecida paixão de seu fundador, José Roberto Lamacchia, pelo verde e branco.

O Allianz Parque mudou muita coisa. O Palmeiras não era campeão brasileiro havia vinte anos. Ganhou três títulos na era Allianz. Não conquistava a Libertadores havia quinze temporadas. Ganhou mais duas, depois da construção.

Quando conquistou seu último Brasileiro na era Parque Antarctica, sua média de público era de 19 mil pessoas por jogo para assistir a um esquadrão com Edmundo, Evair, César Sampaio, Rivaldo e Roberto Carlos. Hoje, a média é de 35 mil por partida, melhor taxa de ocupação do Brasil.

Leila Pereira repete Paulo Nobre na briga acalorada com a construtora. Não vai dar certo. Foi na arbitragem que Nobre comprovou que o contrato não dava mais do que 10 mil cadeiras à empresa parceira. Não foi no grito, nem na polícia.

O Parque Antarctica foi o primeiro palco de jogo de campeonato oficial no Brasil. Sua história é linda. No terreno mantido pela Companhia Antarctica Paulista ficava o parque, que se estendia da atual Avenida Pompeia até o Viaduto Antártica, espaço de aproximadamente 1,3 quilômetros. Dentro do parque, o campo de futebol, que recebeu Mackenzie 2 x 1 Germânia, primeira partida de Campeonato Paulista.

O Palestra Itália, velho nome do Palmeiras, comprou o Parque Antarctica em 1920, ergueu o estádio com arquibancadas em 1933, reformou-o e transformou-o em Jardim Suspenso em 1964, com o dinheiro da venda de Chinesinho para a Juventus, da Itália.

Há nove anos, inaugurou o Allianz Parque, ponto turístico visitado todos os dias por quem chega à cidade de São Paulo.

É a maior operação ganha ganha do país. O Palmeiras ganha, a construtora também.

Para confirmar isto, é preciso diálogo e diplomacia.

A W. Torre diz que havia acordo fechado na gestão Maurício Galiotte, para quitar débitos e caminhar juntos.

A guerra atual não fará bem nem ao Palmeiras nem à construtora.