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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Brasil vai à Copa do Mundo feminina renovado na medida que o país permite

Pia Sundhage na convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo Feminina - Celso Pupo/www.fotoarena.com.br
Pia Sundhage na convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo Feminina Imagem: Celso Pupo/www.fotoarena.com.br

Colunista do UOL

27/06/2023 16h53

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Sua filha chuta com o pé direito ou com o pé esquerdo?

Se você não for capaz de responder a esta mísera pergunta, mas se tiver a informação sobre seu filho, entenderá por que razão se falou tantas vezes a palavra "histórico" nos momentos que antecederam a convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo.

Porque serão dezessete mulheres numa delegação de 31 pessoas e, pela primeira vez, com uma técnica mulher — o vôlei nunca teve.

Houve quem considerasse um erro a ausência de Cristiane, mas isto não faz sentido, porque ela já não faz parte do trabalho há tempos.

Marta é a reserva de experiência e talento do passado, que prevalece no presente.

A seleção terá doze, das 23 convocadas, com experiência em Copas do Mundo.

É exatamente o mesmo número de Tite na lista do Catar, com a diferença de que a Fifa permitiu 26 inscritos para a Copa masculina, pela maior proximidade com a pandemia de 2020.

A maior renovação da seleção feminina aconteceu em 2003, quando apenas seis de 20 convocadas já tinham disputado Mundiais. Eram as estreias de Marta e Cristiane. Quatro anos depois, vice mundial.

Nossa renovação era mais rápida e mais talentosa, porque foi apenas a segunda vez de Marta e Cristiane em Copas.

Quando o Brasil foi vice-campeão mundial, países como França, Inglaterra e Holanda não eram tão fortes quanto são hoje.

Evoluíram. Nós ficamos na mesma parada cultural. Se os pais de uma menina não incentivam a que pratiquem o esporte, menos mulheres serão craques. Mesmo num país de 207 milhões de habitantes, em que se deve tirar a qualidade da grande quantidade de gente ávida por jogar.

Não se preocupe em criticar a CBF se julgar que a renovação é curta e o Brasil tem poucas chances.

Tem chance, sim, porque o Brasil tem feito jogos equilibrados contra Alemanha, Inglaterra, Holanda e Canadá, para quem perdeu nas quartas-de-final da Olimpíada, nos pênaltis — as canadenses foram medalha de ouro.

Se o Brasil não é mais forte, ainda, é porque nossos pais e mães não sabem com que pé sua filha chuta.

Quanto mais meninas jogarem desde a infância, mais forte será o futebol do Brasil.

E este velho país do futebol só voltará a ser potência, entre homens e mulheres, quando o esporte for jogado por meninas e meninos.