Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
João Martins exagerou, CBF respondeu e Palmeiras vai à guerra
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Há dois pontos indiscutíveis na crise entre Palmeiras e CBF, depois de Athletico Paranaense 2 x 2 Palmeiras: 1. o árbitro Jean Pierre tinha de expulsar Zé Ivaldo; 2. O assistente-técnico, João Martins, exagerou ao dizer que "o sistema" não quer um bicampeão no Brasil.
Até porque houve três, nos últimos vinte anos: São Paulo (2006/2007/2008), Cruzeiro (2013/2014), Flamengo (2019/2020).
Com razão, a CBF se ofendeu com a insinuação de esquema: "O que ocorreu foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a importância do futebol brasileiro na Europa."
Precisava haver uma resposta. Por isso, a nota de repúdio faz sentido, exceto ao falar em xenofobia.
O Palmeiras pondera que João Martins não foi o único a falar sobre o sistema. Felipão disse que o Atlético sabe que os cartões aplicados a Hulk são decisões "lá de dentro." Felipão não foi citado na nota de repúdio.
É um erro da CBF.
Mesmo sob o argumento de que Felipão irá a julgamento automático, por ter recebido cartão vermelho. A nota não julga, mostra repúdio. Então deveria ser extensiva a todas as declarações exageradas.
O fato é que, num mesmo dia, duas pessoas mostraram publicamente seu descrédito pelas decisões arbitrais: João Martins e Felipão.
Por que gente envolvida no campeonato diz não acreditar nele? Importante a reflexão dos organizadores, também.
O Palmeiras sentiu-se ofendido pela nota de repúdio, por ser o único clube citado. Respondeu em tom ainda mais áspero, questionando decisões, como a não confecção da linha de impedimento no clássico contra o São Paulo na Copa do Brasil do ano passado. Calleri, impedido, sofreu pênalti que, convertido, causou a eliminação do Palmeiras nas oitavas de final da competição.
Do ponto de vista do que a CBF pode fazer para melhorar o Brasileirão, vale pensar que há mais de dez anos há gente falando sobre a suposta falta de credibilidade do campeonato.
Em 2014, Levir Culpi dizia: "O Campeonato está manchado."
Em 2012, o Atlético reclamava de decisões arbitrais na temporada em que disputou a ponta com o Fluminense.
Em 2009, o São Paulo teve Dagoberto, Borges e Jean suspensos pelo STJD por três jogos e ficaram de fora da antepenúltima e penúltima rodadas de um torneio disputado cabeça a cabeça por Flamengo, Internacional, São Paulo, Cruzeiro e Palmeiras. O Tricolor gritou contra o tribunal.
Isto faz 14 anos e se discutia credibilidade.
Embora não seja verdade que o Brasileirão não é visto na Europa por esta razão. Ou os campeonatos da Itália e de Portugal não seriam assistidos, por causa dos escândalos de arbitragem e manipulação de escalas de árbitros, do Apito Dourado, na Península Ibérica, ao Calciopoli, na Itália.
João Martins exagerou. O árbirro Jean Pierre errou feio.
E o Brasil precisa avançar na construção de um modelo em que não se espalhe a dúvida no ar.
Que Felipão e João Martins saibam que fazem parte de uma instituição. Se não acreditam nela, que trabalhem em outra coisa.
Que a CBF consiga finalmente fazer um campeonato em que se saiba que pessoas vão errar, mas nunca por má fé.
O Brasileirão pode ser muito melhor do que é hoje.
Mesmo reconhecendo esforços para melhorar, quando duas pessoas dizem, no mesmo dia, que há decisões do "sistema" e "lá de dentro" é porque dá para evoluir.
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