Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Isto não é amor!
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O Comando do Batalhão de Choque, responsável pelo policiamento nos estádios, não contesta que houve erro de estratégia da Polícia Militar em Palmeiras x Flamengo. Argumenta que a torcida rubro-negra é diferente da maior parte das visitantes aos clássicos em São Paulo, por possuir uma multidão que se desloca dentro da cidade. As pesquisas indicam que o Flamengo tem a quinta torcida do Estado, o que representa muita gente que não chega em caravanas aos estádios, mas de carro, ônibus e metrô.
Argumenta que existe a sede de uma torcida uniformizada na rua Padre Antônio Tomaz, onde houve o crime. À informação de que a sede da Porks já estava fechada desde o início da tarde e não havia ninguém dentro dela na hora do homicídio, não contesta.
Absolutamente não sabia, porque só havia uma viatura da polícia na hora do assassinato, três horas antes de um jogo de risco.
Houve erro de estratégia, por permitir circulação de uniformizados palmeirenses numa área onde só deveria entrar os alviverdes com ingressos para camarotes ou os rubro-negros, depois da divisão montada pela PM
Entender que houve equívico grave não serve para nada neste momento. Aconteceu uma tragédia. Serve apenas para identificar o que pode e não pode acontecer no futuro.
Palmeiras x Flamengo é um clássico nacional. Não é a maior rivalidade. Muito mais fortes os sentimentos de palmeirenses em relação a corintianos e são-paulinos. Só que as rixas entre uniformizadas alviverdes e rubro-negros.
Há lembranças do tempo em que a Mancha Verde nasceu, com o ideal de "acabar com a fama de bunda mole da torcida do Palmeiras." Naquela época, início da década de 1980, há relato de uma banca de jornais atirada do alto de uma passarela da Via Dutra sobre um ônibus de torcedores do Flamengo, que se deslocava do Rio para São Paulo.
Verdade ou mentira, está no folclore das brigas de torcida.
Ops... Folclore das brigas de torcida nunca deveria existir e cada briga, cada crime, deve ser documentado e guardado como experiência da polícia e da imprensa para evitar novas mortes.
Já ficou repetitivo este colunista lembrar-se de "Desordem", dos Titãs, canção de 1987, que começa com o verso "mais uma briga de torcida..." Mais uma. A música foi gravada 36 anos atrás.
Não parece correto gritar e fazer populismo digital, dizer que os jogadores têm de parar o campeonato, se quando atletas nunca se levantaram para dizer ou fazer o mesmo. O que tem de ser feito, então? Resolver o problema, ora!
Autoridades são remuneradas pela população para tomar conta das crises.
Cidadãos pagam impostos para terem o direito de irem onde quiserem ir. O Estado tem obrigação de devolver segurança a cada centavo pago em impostos. Nunca houve tanto público no estádio e, no entanto, não se consegue conter um problema de quatro décadas.
Em 1985, uma bomba caseira foi desarmada na entrada do Pacaembu, Corinthians 1 x 0 Palmeiras, gol de Casagrande. Antes, em 1979, foi chocante uma briga de paus e pedras dentro do Canindé, num Santos x Portuguesa. Faz 44 anos!
Diziam que faltava legislação específica, criou-se o Estatuto do Torcedor, agora a nova Lei Geral do Esporte, e não se consegue acabar com a sensação de impunidade, nem quando um assassino confessa ter cometido o crime, como na rua Padre Antônio Tomaz.
Alguém dirá que os torcedores são passionais.
Só dá para lembrar de Jorge Jesus, um mês após chegar ao Brasil, afirmando: "Isso não é amor."
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