"Galo não está com dor de barriga para virar SAF", disse Menin há 18 meses
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Atlético faz SAF para não quebrar, mas quebrou para fazer a SAF?
Esta é uma conta sacana, mas que faz sentido.
E só não faz ainda mais sentido, por uma decisão forçada pelo presidente do Galo, Sérgio Coelho, antes da votação da SAF. Por esta conquista, o Atlético ficará sempre com 25% das ações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Se for preciso fazer um novo aporte para quitar a dívida, quem fará serão os investidores, donos de 75% da SAF — leia-se, o acionista majoritário, Rubens Menin.
Este detalhe resguarda o Clube Atlético Mineiro
Pode ser maldoso dizer que o Atlético faz a SAF para não quebrar, mas quebrou antes de fazer a SAF.
Mas há um fundo de verdade. Até 2018, a dívida do Atlético era calculada em R$ 701 milhões.
Há três anos, Menin disse a este blog, em outro endereço, que não cobraria juros. Apenas recuperaria o dinheiro investido. "Eu vou recuperar só. O Atlético-MG vai ganhar muito dinheiro. Quando vendermos um jogador e o Atlético-MG tiver lucro, o lucro será do Atlético." Perguntei em seguida: "Quer dizer que se o senhor gastar R$ 5 para comprar e o Atlético vender por R$ 50, o senhor apenas recuperará os seus R$ 5?" Menin respondeu: "Sim."
Um ano depois, disse que estudava o modelo de SAF, mas ponderou: "O Atlético não tem dor de barriga para virar SAF."
A conta atual não é fácil de entender. O Galo tem dívida de R$ 1,8 bilhão. Os investidores, encabeçados por Rubens Menin, investem R$ 913 milhões. Imediatamente, retiram R$ 313 milhões para quitar as dívidas com... a família Menin! Digamos que se use os R$ 600 milhões que restam do aporte inicial para quitar dívidas bancárias. Restarão ainda R$ 887 milhões de dívidas. Numa visão otimista, R$ 300 milhões desse valor são fiscais, já parceladas. Outros R$ 400 milhões são referntes à Arena MRV.
Somando tudo isto, ainda não sequitou o R$ 1,8 bilhão. Então, se for necessário fazer outro aporte, para quitar a dívida, os investidores cobrem, sem que o Clube Atlético Mineiro coloque nenhum centavo e sem tirar nada dos 25% do que ficou para a associação esportiva.
"Não fosse a SAF nós iríamos quebrar. A dívida não para de crescer", diz o presidente Sérgio Coelho, o mesmo que conseguiu colocar a cláusula protetora que exime o Atlético Mineiro de fazer outros aportes e mantém para sempre os 25% de propriedade do clube.
Em outras palavras, a SAF nasce, para evitar que o clube quebre.
Mas alguém sempre poderá perguntar se os investidores quebraram o clube, para fazer a SAF.
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