Prisão de assassino de Gabriela pode ser virada contra violência no futebol
A Polícia Civil fez trabalho meticuloso para chegar ao nome de Jonathan Messias dos Santos, professor de 33 anos, residente no bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro.
A apuração policial indica que ele não é filiado a grandes torcidas uniformizadas. Não é possível dizer que Jonathan é o assassino. Neste momento, é o principal suspeito.
A prisão do assassino de Gabriella pode ser ponto de virada nos casos de violência ligados ao futebol no Brasil.
Jonathan é o homem de barba que aparece nas imagens da rua Padre Antônio Tomaz, em seguida à queda de Gabriela Anelli, atingida por uma garrafa, no dia 8 de julho.
O empenho da Polícia Civil, sob o comando da delegada Ivalda Oliveira Aleiro, recuperou todo o trajeto de Jonathan, que teve prisão temporária de 30 dias decretada e será indiciado pelo homicídio de Gabriella e por tentativa de homicídio de outra pessoa, também ferida na briga de torcidas.
A delegada conta que houve o isolamento até mesmo do som da garrafa.
Um segundo depois, ouve-se o barulho dos estilhaços. "Isolamos tudo", diz a delegada.
Vinte segundos depois, outra garrafa é arremessada. Nesse momento, Gabriella já tinha levado a mão ao pescoço.
Pelas imagens, Jonathan vestia uma camiseta cinza. Sai do local, vai até um carro estacionado, tira a blusa cinza e troca por uma camiseta do Flamengo. Entra no estádio. Passa pelo reconhecimento facial, que auxiliou no reconhecimento do provável criminoso.
A Polícia Civil seguiu todos os passos e movimentos dele dentro das arquibancadas do Allianz Parque. Depois, Jonathan sai do estádio e vai até um bar. Tudo captado pelas câmeras de segurança.
Há décadas, a polícia diz que o problema da violência é que, quando consegue prender, a Justiça solta. Desta vez, pode ser um divisor de águas. Pelo relato, há todas as provas concretas de quem cometeu o homicídio.
O episódio "Sobre Meninos e Porcos", do podcast UOL Esporte Histórias, conta a história da morte do ex-presidente da Mancha Verde, Cléo Sóstenes, em 1988. Se o primeiro caso de morte ligada ao futebol numa emboscada planejada tivesse sido solucionado e o assassino fosse preso, provavelmente a luta contra a violência teria sido diferente.
Até hoje, não se prendeu o assassino.
Após duas semanas da morte de Gabriella, há um suspeito preso, que pode ser condenado por homicídio. Não seria o primeiro caso, porque Adalberto dos Santos, autor da morte do menino Márcio Gasparini, em 1995, pegou 14 anos de prisão. Cumpriu quatro.
A sensação de impunidade persistiu.
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Quero receberImportante ter um caso exemplar. Pode ser o do assassino de Gabriella Anelli.
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