Arábia Saudita terá desafio de fazer liga vista no mundo. Não é só dinheiro

Olha que era muito mais fácil fazer entender o que eram Arsenal, Manchester United, Chelsea, Manchester City, Everton, Tottenham do que foi para o próprio Trajano contar o início das transmissões do Campeonato Alemão aqui.

Trajano foi o primeiro comentarista da Bundesliga no Brasil.

Havia um menino na Praça Marquês do Pombal, em Lisboa, nesta segunda-feira, com uma camiseta do Al Nassr, com a inscrição Cristiano Ronaldo às costas. Ajuda muito ter um craque.

Mas não é só.

Para o Ocidente, é difícil entrar na cultura saudita, assim como foi quando os japoneses tentaram fazer um campeonato competitivo. Havia menos dinheiro no Japão dos anos 1990 do que na Arábia Saudita atual. Mas ninguém imaginava Dunga jogar a Copa do Mundo defendendo o Brasil como representante de um clube japonês. Em 1998, era do Jubilo Iwata.

E o Japão não decolou. Os Estados Unidos ainda não conseguiram.

Uma parte do desafio é ter craques no ápice. Não é o caso de Cristiano Ronaldo, que já viveu seu melhor. Não é o caso de Benzema, que já foi mais goleador. Não é o caso de Neymar, ou haveria mais clubes da Europa entendendo que seu custo-benefício vale a pena.

Haverá bons jogadores, como Kessie, Firmino, Ibañez, Edouard Mendy, Mahrez, Sadio Mané.

Mas haverá uma classe baixa muito abaixo dos craques e também dos bons jogadores.

Construir um campeonato assim e ensinar o que representam o Al Nassr, o Al Ittihad, o Al Hilal e o Al Ahli não é uma missão simples.

Não se trata só de contratar torcedores e colocar numa tribuna. Trata-se de seduzir torcedores em todo o planeta.

Não é impossível. Nem é simples.