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Espanha repete estratégia barcelonista para ser campeã mundial feminina

A Espanha usou princípios táticos do jogo do Barcelona para ser campeã mundial feminina, batendo a Inglaterra na decisão, em Sydney por 1 x 0, depois de ter iniciado a campanha de forma oscilante e derrotada por 4 x 0 pelo Japão. Pressão, posse de bola, amplitude e espaço entre linhas, princípios do jogo de Johan Cruyff, ultra elaborados por Pep Guardiola, estiveram presentes na vitória espanhola sobre as inglesas. Também no Barcelona campeão da Champions League feminina e base do time campeão do mundo.

Poderia se dizer, antes da partida, que a Inglaterra tinha a organização, nas mãos da brilnante técnica holandesa Sarina Wiegmann.

As espanholas, a maior qualidade individual.

Não se tratou disto, simplesmente.

Das onze titulares da Espanha, seis venceram a Champions League. A goleira Coll era reserva de Paños, as zagueiras Paredes e Codina, as meias Bonmattí e Hermoso, a atacante Palalluelo, heróina dos gols nas vitórias nas quartas de final, contra a Holanda, e na semifinal contra a Suécia.

Jogando como ponta nos minutos finais das quartas, Palalluelo atuou como centroavante contra a Inglaterra, mesma posição em que atuou na final da Champions, pelo Barcelona, contra o Wolfsburg.

Alem das seis da seleção roja, duas inglesas finalistas são do Barcelona. A lateral direita Bronze e a volante Walsh, jogadora mais cara da história — custou 470 mil euros.

O número é retrato da demora da Fifa para investir no futebol feminino. Quatro das dez jogadoras mais caras da história são inglesas e, somadas, custaram 1,1 milhão de libras. A primeira transferência na Inglaterra a custar 1 milhão de libras foi a de Trevor Francis, do Birmingham para o Nottingham Forest, em 1979!

Voltemos à Espanha.

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O conjunto de seis titulares que se conhecem do Barcelona ajuda a manter o estilo e os princípios. "Não existe camisa 10 como o pressing", diz Jurgen Klopp. Pois o mandamento, adotado também por Guardiola, foi visto em cinco de sete desarmes no campo ofensivo. Da pressão nasce a rapidez na troca de passes Houve 56% de posse de bola na decisão, 64% de média com 605 passes por jogo na Copa.

A Inglaterra tem seu jogo forte, transição rápida. A Espanha, os princípios do jogo que fez o mundo aprender a admiriar o Barcelona.

Em 2010, entre os homens, cinco titulares da Espanha eram do Barça, campeão da Champions em 2009 e 2011. Ainda havia Villa, que se juntaria à trupe barcelonista logo após a conquista do Mundial na África do Sul.

A primeira Copa entre os homens veio com essa estratégia barcelonista.

A primeira das mulheres espanholas também.

Ainda que o técnico Jorge Vilda não seja como Jonatan Giráldez, o vencedor da Champions no comando da Champions.

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Ainda que Vilda tenha seu cargo pedido por quinze jogadoras, seis das quais foram à Austrália e à Nova Zelândia, quatro delas , titulares na finalíssima — Batle, Bonmattí, Hermoso e Marionna Caldentey.

Vicente del Bosque também não era Barcelona. Ganhou duas Champions League e dois campeonatos pelo Real Madrid, antes de liderar a Espanha à sua primeira conquista do mundo.

Não se trata de quem, mas de como.

A Espanha tem seu estilo, é reconhecida por um jeito particular de jogar, pressão e posse de bola.

A mesma estratégia barcelonista que levou ao troféu de 2010 leva as espanholas a ganharem sua primeira Copa do Mundo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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