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CBF avaliza cabos de guerra clubistas para recontar a história

O Torneio dos Campeões de 1937 nada mais era do que um campeonato do Sudeste. Ainda que até aquele ano os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais pertencessem à região Oriental e São Paulo à Meridional, o torneio vencido pelo Atlético era regional, não nacional.

Se o Paulistano ainda fosse um clube com departamento de futebol, entraria na CBF imediatamente requisitando ser o primeiro campeão brasileiro de clubes, por ter vencido o Torneio dos Campeões de 1920, contra Fluminense e Brasil de Pelotas.

Era mais nacional.

O torneio hoje reconhecido pela CBF existiu e foi vencido pelo Galo. Mas é como reconhecer todos os campeões do Rio-São Paulo como campeões brasileiros. Seria justo? Claro que não.

Mas o Rio-São Paulo chamava-se Torneio Roberto Gomes Pedrosa, razão pela qual o nome Robertão, quando foi ampliado para receber times de Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e, a partir de 1968, também Pernambuco e Bahia.

Sempre fui contra a unificação. Debati e perdi. Também debati com historiadores contra a equiparação do Torneio dos Campeões ao Brasileirão.

No caso da unificação de Taça Brasil e Robertão, ao menos havia quem julgasse, desde a adolescência, que eram Brasileiros. O absurdo ao menos tinha representatividade e defensores de argumentos, não de seus clubes.

Havia representantes de, ao menos, três regiões do país.

O Torneio dos Campeões, nem isso.

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Voto vencido que sou, assume-se aqui a posição oficial apenas para não aumentar a confusão de um país que não sabe contar sua própria história. Pedro Álvares Cabral descobriu ou invadiu o Brasil? Bom, ele desembarcou aqui em 1500.

O problema é que basta ter um bom advogado, ou lobista, para unificar seu título brasileiro. Vai, Paulistano!

Não pergunte à CBF qual a diferença entre reconhecer o Torneio dos Campeões de 1937 e não o de 1920. Ou por que razão unificaram-se os Robertões e não os Rio-São Paulo?

Nenhum dirigente da CBF saberá responder a estas perguntas.

Não podem nem sequer ser chamados de amadores. Para isso, seria preciso amar e respeitar a história do futebol.

P. S. : A CBF considera diferentes os Torneios dos Campeões de 1937, do Atlético, e 1920, do Paulistano, por causa do advento do profissionalismo a partir de 1933. Se for assim, desconsideramos cinco títulos mineiros do Atlético?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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