Prancheta do PVC - Abel usa Luan em releitura tática que lembra Guardiola
O Palmeiras mudou quatro titulares entre a eliminação na Libertadores e a goleada sobre o São Paulo.
Saíram Marcos Rocha, Gabriel Menino, Artur e Rony, entraram Richard Ríos, Endrick, Breno Lopes e Luan.
Luan! Especialmente Luan é responsável pela mudança tática surpreendente que faz o Palmeiras voltar a sorrir neste momento do Brasileirão.
A tentação é comparar com o WM de Guardiola, releitura com que o técnico do Manchester City venceu a Champions League, tendo o zagueiro-lateral-volante Stones como curinga.
Na defesa, o técnico espanhol usou linha de quatro defensores com Stones, Ruben Dias, Akanji e Aké.
Para construir o jogo, 3-2-5: Ruben Dias, Akanji e Aké; Rodri e Stones; Bernardo Silva, De Bruyne, Haaland, Gundogan e Grealish.
Esta foi a formação da final da Champions, citada por Abel Ferreira por ter quatro zagueiros de formação.
Quando o City perde a bola, Stones volta à linha de quatro na defesa.
A tentação é comparar as funções de Luan e Stones. Não são iguais.
Abel Ferreira não copia Guardiola. Faz sua própria interpretação.
A releitura do WM de Abel Ferreira tem Luan, zagueiro-curinga como líbero, por vezes junto com Gustavo Gómez e Murilo.
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Quero receberOutras vezes, à frente dos dois, com a missão de ajudar a construir as jogadas de ataque, liberar Zé Rafael e também os alas, Mayke e Piquerez.
A estratégia de Abel Ferreira cria um MW, em vez de um WM, em algumas ocasiões.
Lembre-se de que o desenho com as duas letras nasceu de uma alteração tática de Herbert Champman, do Arsenal, depois da mudança da lei de impedimento, em 1925. A maior parte das equipes atuava num 2-3-5. Chapman recuou um médio e fez 3-2-5. Com os dois meias um pouco atrasados em comparação com o trio ofensivo, formava-se um W no ataque e um M na defesa.
Como quando Luan se junta aos beques (veja abaixo).
Outras vezes, Luan cria um um losango no meio-de-campo.
Em muitas outras situações, Luan sobe para a linha dos médios. Faz-se assim uma inversão do WM, uma espécie de MW, com zagueiro-curinga fazendo a construção, como na imagem abaixo.
É novo, mas não muda o conceito da equipe.
Abel Ferreira fez variações desde que chegou ao Palmeiras, em 2020.
No início, dizia-se que seu time só sabia contra-atacar.
Depois, que dependia das bolas paradas.
Demorou até compreenderem seu 4-2-3-1 e poucas vezes falou-se sobre sua variação de ataque.
Marcos Rocha construía o jogo com os dois zagueiros, deixava-se Gabriel Menino e Zé Rafael na linha média e liberavam-se cinco avantes.
Piquerez dando amplitude pela esquerda, invertendo posicionamento com Dudu. Artur alargava o campo pela direita, com Veiga e Rony por dentro. Já era um 3-2-5 para agredir, embora desenhado no 4-2-3-1 como base.
Contra o Flamengo e Atlético, na reta final da Libertadores de 2021, linha defensiva de cinco e setor de meio de campo com quatro homens na defesa.
Construção também a três, como no passe ensaiado de Gustavo Gómez para Mayke fazer o cruzamento e Raphael Veiga inaugurar o marcador contra o Flamengo, em Montevidéu.
Como escreveu Martí Perarnau, biógrafo de Pep Guardiola, o técnico catalão faz releituras de sistemas do passado.
Neste momento, Abel Ferreira faz o mesmo.
Bem diferente do Manchester City e até com linha defensiva de cinco homens quando perde a bola.
A chave é Luan, que reconhece ter evoluído e aprendido o jogo a partir dos treinos com Abel Ferreira.
Compreendeu a diferença entre gostar de jogar e gostar do jogo.
A compreensão dos movimentos de uma partida faz toda a diferença para mudar a chave de uma time.
Abel conseguiu isso contra o São Paulo e tem o desafio de fazer dar certo até a vaga na Libertadores.
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