Prancheta do PVC - O livro de Fernando Diniz
Fernando Diniz é um técnico diferente de tudo.
Os avalistas são os jogadores da seleção brasileira que atuam na Europa. Todos disseram como é distinto o sistema de treinamentos e de jogos produzido pela equipe de Diniz.
Isto tem de ser por escrito.
Um livro por Fernando Diniz.
Assim como o biógrafo de Josep Guardiola, Martí Perarnau, escreveu "Confidencial" e "Evolução" sobre o mestre catalão, é necessário compreender a diferença do que Diniz faz para o convencional.
Há razões para pedir isto, o que seria muito melhor do que criar um vocábulo como dinizismo.
Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América Católica, que sempre precisará de ridículos tiranos? Perguntou Caetano Veloso, em Podres Poderes. Diniz não é isso, mas personificar uma ideia é símbolo da necessidade de líderes carismáticos.
E a difusão dessa ideia.
Gílson Nunes foi ponta-esquerda campeão sob o comando de Elba de Pádua Lima, o Tim, um dos grandes estrategistas da história do futebol brasileiro. Questionado durante a apuração do livro Escola Brasileira de Futebol não conseguiu explicar como Tim mudava jogos no intervalo, sua grande característica.
Porque a riquíssima cultura do futebol brasileiro é oral.
Se você viu treinos de Telê Santana e Zagallo, sabe como faziam. Se não viu, ficaram no vento.
É por isso que bebemos da literatura portuguesa e espanhola e repetimos chavões como extremos, em vez de pontas, tomada de decisão, em vez de escolha. Decisão não precisa de tomada. O jogador apenas decide.
Computador e televisão é que precisam de tomada.
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OLHAR APURADO
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Quero receberDiniz aglomera jogadores do mesmo lado da jogada, para levar vantagem nos confrontos. Ficam quatro contra dois, cinco contra três. Repare na jogada do primeiro gol do Fluminense contra o Boca Juniors. Há seis jogadores do meio para a direita. Keno, o ponta esquerda, está na direita para cruzar antes de Cano finalizar de primeira.
No segundo gol, mais simples, o pivô de Keno dá a oportunidade a John Kennedy finalizar.
O jogo que o jornalista Rory Smith definiu como aposicional system no The New York Times precisa ser descrito em livro. A cultura do futebol do Brasil não tem de ser boca a boca pelo resto dos tempos. É bom que a cultura escrita passe de geração em geração.
Diniz pode mudar a história nas letras, tanto quanto nos campos.
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