Livro lançado no Memorial do Corinthians é homenagem à história do futebol
Antoninho de Almeida passou por todas as funções no Corinthians.
De porteiro a assessor de imprensa.
Foi também uma espécie de historiador informal.
Sentava-se numa salinha no Parque São Jorge e recebia jornalistas ávidos por informações que, naquela época, só ele tinha. Nem sempre era simpático, sempre prestativo.
Não tinha as duas mãos. "Perdeu-as numa moenda de cana", diz o jornalista, historiador — e meu irmão de coração — Celso Unzelte.
Sem elas, como no filme "O Escafandro e a Borboleta", seu Antoninho deixou um livro como patrimônio. Anotações detalhadas sobre a história corintiana. Muitas.
"A História de um grande clube - escrita pelo próprio povo" será lançado neste sábado, às 11 horas, no Memorial do Parque São Jorge.
Seu Antoninho faleceu em 2000. Foi homenageado com um minuto de silêncio antes da vitória corintiana por 3 x 2 sobre o Rosario Central, oitavas de final da Libertadores. Suas filhas, Luana e Débora, guardaram as relíquias como se o próprio pai as estivesse mantendo, livres do pó e dos ácaros.
Numa reunião de negócios, o genro de seu Antoninho, Guilherme Burati, comentou sobre a existência dos originais com Raul Corrêa da Silva, conselheiro e ex-vice-presidente de finanças do Corinthians: "Fiquei encantado! Tem riqueza de detalhes e não apenas do futebol, mas do remo, natação, basquete, política..."
Seu Antoninho pertenceu a um grupo de pioneiros, que não tinha o refinamento dos computadores nem o rigor necessário de todas as datas.
Sem eles, não haveria como fazer as pesquisas atuais.
Em 1991, a revista Placar dispôs-se a realizar uma larga pesquisa sobre clássicos. Em São Paulo, Celso Unzelte ficou encarregado de fazer a pesquisa sobre Corinthians e Santos. A mim, coube averiguar Palmeiras e São Paulo.
Agnello di Lorenzo era um cavalheiro, historiador são-paulino, que guardava cada detalhe em seu arquivo de papel e contava desde a fusão do núcleo de futebol do Club Athletico Paulistano com a Associação Athletica das Palmeiras, que originou a camisa tricolor - uma lista vermelha do Paulistano, outra preta das Palmeiras, fundo branco comum aos dois clubes.
Os livros palestrinos ficavam guardados numa sala, embaixo das arquibancadas do velho Parque Antarctica. Milton del Carlo, o Odilon, recebia os visitantes com voz grossa em tom ríspido: "Do que você precisa?" O tempo quebrava o gelo e descobria-se o funcionário dedicado, que organizava todas as viagens e hospedagens dos jogadores profissionais.
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Quero receberComo eles, houve Francisco Mendes, historiador do Santos, falecido em outubro passado, Ayer Andrade, no Flamengo, dona Alice, no Vasco, Roberto Alvarenga, no Fluminense.
Eram guardiões da história, não cientistas da pesquisa.
Sem eles, não haveria Emmerson Maurício, do brilhante trabalho no Atlético, Michael Serra e Alexandre Giesbrecht, do São Paulo, Fernando Galuppo, Bruno Alexandre Elias, Jota Christianini, no Palmeiras, Roberto Assaf e Clóvis Martins, no Flamengo, Pedro Varanda no Botafogo, David Barboza, José Renato Sátiro Santiago do Fortaleza...
E tantos outros, desculpem, não citados aqui.
Em 1995, Celso Unzelte iniciou a imaculável obra do Almanaque do Timão com a ambição de concluir em 2010, para o centenário. Lançou a primeira versão em 2000! Depois, em forma de aplicativo.
Ir ao Memorial do Parque São Jorge no próximo sábado não será apenas respeito a seu Antoninho, um corintiano
Será uma homenagem à história e aos historiadores do futebol.
Antoninho de Almeida passou por todas as funções no Corinthians.
De porteiro a assessor de imprensa.
Foi também uma espécie de historiador informal.
Sentava-se numa salinha no Parque São Jorge e recebia jornalistas ávidos por informações que, naquela época, só ele tinha. Nem sempre era simpático, sempre prestativo.
Não tinha as duas mãos. "Perdeu-as numa moenda de cana", diz o jornalista, historiador — e meu irmão de coração — Celso Unzelte.
Sem elas, como no filme "O Escafandro e a Borboleta", seu Antoninho deixou um livro como patrimônio. Anotações detalhadas sobre a história corintiana. Muitas.
"A História de um grande clube - escrita pelo próprio povo" será lançado neste sábado, às 11 horas, no Memorial do Parque São Jorge.
Seu Antoninho faleceu em 2000. Foi homenageado com um minuto de silêncio antes da vitória corintiana por 3 x 2 sobre o Rosario Central, oitavas de final da Libertadores. Suas filhas, Luana e Débora, guardaram as relíquias como se o próprio pai as estivesse mantendo, livres do pó e dos ácaros.
Numa reunião de negócios, o genro de seu Antoninho, Guilherme Burati, comentou sobre a existência dos originais com Raul Corrêa da Silva, conselheiro e ex-vice-presidente de finanças do Corinthians: "Fiquei encantado! Tem riqueza de detalhes e não apenas do futebol, mas do remo, natação, basquete, política..."
Seu Antoninho pertenceu a um grupo de pioneiros, que não tinha o refinamento dos computadores nem o rigor necessário de todas as datas.
Sem eles, não haveria como fazer as pesquisas atuais.
Em 1991, a revista Placar dispôs-se a realizar uma larga pesquisa sobre clássicos. Em São Paulo, Celso Unzelte ficou encarregado de fazer a pesquisa sobre Corinthians e Santos. A mim, coube averiguar Palmeiras e São Paulo.
Agnello di Lorenzo era um cavalheiro, historiador são-paulino, que guardava cada detalhe em seu arquivo de papel e contava desde a fusão do núcleo de futebol do Club Athletico Paulistano com a Associação Athletica das Palmeiras, que originou a camisa tricolor - uma lista vermelha do Paulistano, outra preta das Palmeiras, fundo branco comum aos dois clubes.
Os livros palestrinos ficavam guardados numa sala, embaixo das arquibancadas do velho Parque Antarctica. Milton del Carlo, o Odilon, recebia os visitantes com voz grossa em tom ríspido: "Do que você precisa?" O tempo quebrava o gelo e descobria-se o funcionário dedicado, que organizava todas as viagens e hospedagens dos jogadores profissionais.
Como eles, houve Francisco Mendes, historiador do Santos, falecido em outubro passado, Ayer Andrade, no Flamengo, dona Alice, no Vasco, Roberto Alvarenga, no Fluminense.
Eram guardiões da história, não cientistas da pesquisa.
Sem eles, não haveria Emmerson Maurílio, do brilhante trabalho no Atlético, Michael Serra e Alexandre Giesbrecht, do São Paulo, Fernando Galuppo, Bruno Alexandre Elias, Jota Christianini, no Palmeiras, Roberto Assaf e Clóvis Martins, no Flamengo, Pedro Varanda no Botafogo, David Barboza, José Renato Sátiro Santiago do Fortaleza...
E tantos outros, desculpem, não citados aqui.
Em 2000, Celso Unzelte iniciou a imaculável obra do Almanaque do Timão com a ambição de concluir em 2010, para o centenário. Lançou a primeira versão em 2003! Depois, em forma de aplicativo.
Ir ao Memorial do Parque São Jorge no próximo sábado não será apenas respeito a seu Antoninho, um corintiano
Será uma homenagem à história e aos historiadores do futebol.
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