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ReportagemEsporte

Antônio Carlos Zago quebra domínio argentino e acredita em Bolívia na Copa

A primeira vitória da Bolívia na Copa do Mundo aconteceu na estreia de Antônio Carlos Zago como treinador. No início das eliminatórias, eram sete técnicos argentinos, um brasileiro, um peruano e um espanhol. Agora, dois do Brasil — Diniz e Zago.

Nas quatro primeiras rodadas, os bolivianos foram dirigidos pelo argentino Gustavo Costas. Somaram quatro derrotas, dois gols marcados, onze contra. Antônio Carlos foi técnico campeão do Torneio Apertura pelo Bolívar, em 2022.

O trabalho chamou a atenção a ponto de a Federação Boliviana tê-lo contratado: "Tivemos recorde de pontos e de vitórias consecutivas", lembra.

Incrível sua observação sobre o desejo do grupo City de fazer o Bolívar jogar com posse de bola. "Tive de mudar, porque não dá para ter posse de bola, pelos gramados ruins."

A vida não é fácil. Antônio Carlos Zago foi dirigido por treinadores importantes, como Fabio Capello, na Roma campeã italiana de 2001, e Mircea Lucescu, no Besiktas, campeão turco de 2003. Dos seis jogadores a atuar nos quatro grandes de São Paulo, é o único campeão por todos. Muller, Luizão, Cláudio Christovam Pinho, Neto e César Sampaio ganharam troféus. Só Antônio Carlos pelos quatro. Campeão paulista, brasileiro e da Libertadores pelo São Paulo, paulista, brasileiro e do Rio-São Paulo pelo Palmeiras, paulista de 1997 pelo Corinthians, paulista de 2007 e brasileiro de 2004 pelo Santos.

Mas nunca jogou uma Copa do Mundo. Pode conseguir como técnico:

PVC - Como surgiu a oportunidade de dirigir a seleção boliviana?

Acho que o trabalho no Bolívar deixou marcas. Foi bem feito.
Eu estava no Bolívar pelo grupo City.

Não me privavam de nada, mas trabalhava em cima de alguns conceitos que queriam.

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Eles gostam muito de ter a bola. Aqui não dá para ter a bola, porque os campos não são bons.

Então, jogamos de outra maneira. Mais pressão, recuperando a bola e verticalizando, chegando ao ataque com rapidez. Fomos campeões no ano passado, com recorde de gols numa temporada. Recorde de vitórias, dez seguidas, 14 sem perder, invictos. Chamou a atenção da federação. Apareceu a oportunidade. Foi muito bom. Por ser brasileiro, também. Pelo momento difícil dos treinadores brasilerios, em termos de mercado, onda de estrangeiros no Brasil. Minha oportunidade fora do Brasil pode chamar a atenção.

PVC - É possível se classificar para a Copa do Mundo?

ANTÔNIO CARLOS ZAGO - É muito difícil brigar com Argentina, Brasil e Uruguai. Mesmo sem conseguir resultados nos últimos jogos, o Brasil vai se classificar. Com as outras... Talvez Colômbia menos. Mas contra Equador, Venezuela... Temos chances. Chile e Paraguai não estão em bons momentos. Vamos brigar pelo sexto ou sétimo lugar, na repescagem. Estamos pensando nisso.

PVC - Na sua opinião, o que falta aos técnicos brasileiros? Entendo que temos uma cultura riquíssima, mas oral, não escrita, que passe para gerações de técnicos. E você?

ANTÔNIO CARLOS ZAGO - Talvez falte um pouco mais de divulgação. Dorival Júnior foi campeão da Libertadores no ano passado, Fernando Diniz neste ano. A gente brinca, por vezes, que os caras escrevem um livro de culinária e dizem que é um ótimo livro de futebol, fora do Brasil. A gente fala muito sobre Portugal, porque atualmente tem o maior número de treinadores espalhados. Eles fizeram ótimo marketing, a partir do grande trabalho do José Mourinho e de outros treinadores, que fizeram grande trabalho. Abel Ferreira no Brasil é muito bom. Não são todos no Brasil. Mas lembramos sempre de Abel Ferreira e Jorge Jesus, porque deixaram marcas.

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PVC - Você está baseado ainda em Presidente Prudente, no interior de São Paulo?

ANTÔNIO CARLOS ZAGO - Minha casa é em Vinhedo, no interior. Mas também em Presidente Prudente.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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