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OpiniãoEsporte

O nível do Brasileirão em relação aos campeonatos do mundo

O Brasileirão não é o melhor campeonato nacional do mundo.

É o Campeonato Inglês, como foi o italiano até 1996, depois superado pela Espanha de Real Madrid e Barcelona, antes de a Premier League construir a melhor marca do planeta — exceto Champions League e Copa do Mundo.

Mas há um realismo fantástico em dizer que os jogos aqui oscilam e os de lá, não.

Trata-se de uma realidade paralela dizer que o Palmeiras abandonou o Brasileiro e, depois de perder a Libertadores, voltou à disputa.

Não! Abel Ferreira nunca desistiu do torneio.

Tanto que só escalou time reserva contra Bragantino e Athletico Paranaense. Ficou para trás pelo desgaste de um elenco curto, opção do treinador

As quatro derrotas seguidas, para Grêmio, Bragantino, Santos e Atlético só tiveram uma vez a equipe escalada com reservas. Deixaram o Palmeiras 14 pontos atrás do Botafogo, na 27a rodada. Duas destas derrotas depois de sair da Libertadores.

Foi ressaca, não desprezo.

A partir daí, em nove jornadas, o Palmeiras ganhou 22 pontos e perdeu cinco. O Botafogo ganhou cinco e perdeu 22. Ora, como se vai explicar que a reação se deu pelo retorno do interesse palmeirense? E se o Botafogo ganhasse dez pontos, em vez de cinco? Mesmo conquistando todos os pontos que conquistou, o Palmeiras ainda dependeria de outras forças.

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O Brasileirão 2023 produzirá a maior virada da história , superando 2009.

Mas o nível técnico e tático é muito melhor do que 14 anos atrás. Ainda que houvesse Adriano e Petkovic, a diferença é o jogo coletivo. O Brasil está compreendendo melhor o gosto por jogar, mais do que pelo jogo.

Entende mais a distância entre ganhar o quê... Ou por quê?

Pode-se dizer que há nivelamento por baixo, expressão tão gasta a ponto de ter sido registrada na imprensa, pela primeira vez, há 41 anos, numa edição da revista Placar que perguntava qual seria o campeão estadual de São Paulo. "Está nivelado por baixo", escreveu José Roberto Papacídero, comentarista da rádio Gazeta.

Se ele não foi o pai da expressão, está livre. Nós, não! Nunca nos livramos do clichê.

Aquele estadual tinha Sócrates, Casagrande, Mário Sérgio, Darío Pereyra, Marinho Chagas...Estava nivelado por baixo... Veja você...

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A chegada dos treinadores europeus e argentinos ampliou o repertório tático, produziu reação de brasileiros, traz mais sistemas e variantes das equipes, jogos disputados em centímetros de terreno, mais do que em dribles e chutes. O Brasileirão tem jogo mais coletivo, embora ainda disputado a cada dois dias.

E, a cada vez que um argentino ou português, diz que não nossos gramados são ruins, como Coudet, ou nosso calendário é demasiadamente exigente, como Abel, colocamos a culpa neles.

Só nós, brasileiros, podemos falar mal do nosso Brasil!

Tambem insistimos em individualizar heróis. Endrick será o responsável pela provável conquista do Palmeiras?

O jogo coletivo é muito mais importante, ainda que Endrick seja o personagem da reta de chegada.

"Será que nunca faremos senão confirmar, a incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos?" Caetano Veloso perguntou em "Podres Poderes."

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Perseguimos heróis, o maior craque de todos os tempos da última semana...

O futebol não é um jogo individual em que jogam onze de cada lado. É muito mais do que isto.

O Brasileirão melhorou, tem mais jogos surpreendentes e admiráveis do que a Alemanha e a Itália. Menos do que a Inglaterra, embora também seja verdade que os ingleses assistem, todas as semanas, a partidas muito boas — e outras ruins.

O Brasil tem uma das seleções mais talentosas do mundo. Difícil dar conjunto a todos eles, numa era de incompetência da CBF. Ednaldo Rodrigues está perto de mostrar que incompetentes são tão nocivos quanto os corruptos — embora este seja pecado mortal.

Por outro lado, os clubes resolveram importar, por economia.

O risco é fazer o Brasileirão cada vez mais forte, com jogadores que não servem para a Europa... Cano, Romero, Pulgar e José Manuel López.

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Com erros e acertos, de dirigentes e analistas, o Brasil melhora.

É pior em nível tático do que Alemanha e Espanha, em qualidade técnica contra a Inglaterra, melhor do que a Itália, ganha em emoção e imprevisibilidade de todos os grandes torneios de clubes.

Considerando a disputa Brasil x Brasil, o Brasileirão é muito melhor hoje do que era há 15 anos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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