A maior crise de credibilidade do futebol do Brasil
O diário AS, em Madri, resume a crise da seleção brasileira e do futebol cinco vezes campeã mundial em uma frase: "Foi uma miragem." Referência à renovação de Carlo Ancelotti com o Real Madrid, após o anúncio da CBF de que tinha acordo com o treinador italiano.
Ancelotti, se tinha compromisso verbal, era com qual presidente da CBF? O que acreditou que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro dava parecer favorável ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)? Ou o que descobriu que o mesmo Tribunal de Justiça, um ano e meio depois, mudou de ideia e julgou que o Ministério Público não tinha credibilidade para assinar o TAC?
A crise é êtica há décadas, mas agora mistura a histórica desfaçatez a uma incontestável incompetência. Não se pode nem sequer plagiar Millôr Fernandes, ao afirmar que o prefeito do Rio, Saturnino Braga, foi o homem que desmoralizou a honradez. Depois de Ricardo Teixeira também não houve nem moral nem honra.
São dez anos com cinco presidentes da CBF e nenhum concluiu mandato. Nove homens, entre os interinos, e um destino: a decadência.
O futebol brasileiro vive processo idêntico ao já vivenciado pelo nosso basquete bicampeão, cuja relevância nas Olimpíadas e Mundiais é, atualmente, nenhuma.
No passado recente, o país comemorava ter, ao menos, jogadores na NBA em todas as temporadas desde 2002. Na atual, nem isso. No futebol, há campeões da Champions brasileiros todos os anos desde 2000. Na última, só o goleiro Éderson. O futebol está no rumo do basquete.
A eleição da CBF teve lançada candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, contabilizando 68 votos, se não houver traidores. Entre os apoiadores, o presidente da Federação do Acre, acusado de conluio eleitoral em 1986, ao apoiar Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid. Não surpreenderá se for o traidor. Mais surpreendente, é ter votado há 38 anos e votar outra vez agora.
Golpes jurídicos, ex-presidente dançando num barco, presidente da Câmara Federal telefonando para governadores, para pressionarem federações. O pleito nem marcado está e já tem tudo isso.
E o futebol do Brasil, de incrível potencial, à mercê de quem quer apenas as migalhas.
Ladrões de galinha destruindo o galinheiro.
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