Zagallo iniciou maior revolução do futebol
Zagallo está para o futebol como Mark Zuckerberg está para o mundo. Dito assim, pode parecer exagero, porque Guardiola é mais revolucionário para este nosso tempo.
Talvez, então, Zagallo seja o Alan Turing, que definiu o computador, sem o qual não haveria redes sociais.
A seleção brasileira de 1970, eleita a melhor de todos os tempos, é a fronteira do tempo dos espaços largos para o jogo em que é necessário transformar centímetros em latifúndios.
Johan Cruyff foi o maior pensador desse novo jogo e Guardiola está em sua árvore genealógica. O primeiro sinal de um novo período da história deu-se com o Brasil de 1970.
Os avanços de Carlos Alberto nos corredores abertos pelos deslocamentos de Jairzinho, a movimentação de Rivelino, os recuos quando perdia a bola, só com Tostão à frente da linha da bola.
Desde antes, no Botafogo bicampeão carioca de 1967/1968, era criticado por suposto defensivismo. Do que veio depois, não adotou jamais o pressing de Cruyff e Guardiola, mas era moderno e seu time inspirou o futuro.
Defensivamente, todos recuavam e isto implicou em 15 de 19 gols na Copa do México em escapadas rápidas para o ataque. Doze deles no segundo tempo, fruto da preparação física para atuar na altitude do México.
"Nossos jogadores reclamavam de os europeus não nos deixarem jogar, como se devessem permitir", conta Carlos Alberto Parreira.
Nunca mais foi igual, o que demonstra o talento daquela geração. A Zagallo, o mérito de liderar e convencer de que um novo tempo estava chegando.
Em 1998, Tostão observava que seus métodos eram idênticos aos de 28 anos antes. Se não avançou ainda mais, teve de novo a capacidade de chegar à final da Copa do Mundo.
Zagallo estava à frente de seu tempo.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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