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OpiniãoEsporte

Quem manda no Brasil? Real Madrid exige Endrick, Barcelona veta Vítor Roque

O Palmeiras vetou a participação de Endrick na seleção brasileira que disputou o Pré-Olímpico.

O Real Madrid exigiu por contrato que o centroavante do Palmeiras participasse.

A coordenação da seleção brasileira batalhou para ter Vítor Roque no time. O Barcelona vetou.

É óbvio que o Pré-Olímpico está em data equivocada e que os clubes não têm obrigação de ceder.

Mas é preciso ter liderança e ela tem de partir da CBF. Convencimento de que o futebol brasileiro tem prioridades e o acúmulo de fracassos atrapalha todo mundo.

O problema é tão antigo que o presidente do São Paulo na década de 1980, Carlos Miguel Aidar, discutia exatamente o mesmo problema. Brigava para vetar liberações de jogadores como Muller, Silas, Pita e Nelsinho, fosse para seleções em Mundiais Sub-20, Pré-Olímpico, Jogos Pan-Americanos. Na época, Otávio Pinto Guimarães e Nabi Abi Chedid faziam da CBF uma casa desarticulada, sem princípios e sem projeto.

Ednaldo Rodrigues repete o mesmo drama daqueles anos 1980, em que a seleção passava vexames como perder de Chile e Dinamarca, ambos por 4 x 0. Desta vez, não foram liberados Vítor Roque, pelo Barcelona, Andrew, goleiro do Gil Vicente, de Portugal, Robert Renan, pelo Internacional, Luan Cândido, pelo Red Bull Bragantino, Vinicius Tobias, zagueiro do Real Madrid, Danilo, volante do Nottingham Forest, e Kaiky, zagueiro do Almería, ex-Santos.

O Brasil ficou fora das Olimpíadas em 1980, 1992, 2004, sempre com muito talento e nenhuma organização. A responsabilidade de Ramon Menezes já foi assumida por ele mesmo, mas o dedo tem de ser apontado na direção certa: Ednaldo Rodrigues. Não é a seleção do pré-olímpico. São todas as seleções brasileiras dando vexame, do feminino ao sub-17.

A sub-20 masculina eliminada no Mundial por Israel, o feminino fora na fase de grupos da Copa contra a Jamaica, o sub-17 cai contra a Argentina, a pré-olímpica eliminada como Paraguai campeão, a principal em sexto lugar nas eliminatórias e vencendo só três jogos em 2023, contra Peru, Bolívia e Guiné.

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E quem escala, indiretamente, a seleção pré-olímpica, são os clubes europeus. O Real Madrid fez questão de que Endrick jogasse. O Barcelona disse não ao pedido por Vítor Roque.

O Brasil está muito perto de ter futebol de alto nível, para continuar tão longe. Veja o caso da Itália. Artigo do jornalista Sebastiano Vernazza, em La Gazzetta dello Sport, desta segunda-feira, lembra que a Internazionale foi vice-campeã da Champions League de 2023 e dificultou a vida do Manchester City. Mas a final seria contra o Rea Madrid, não houvesse o cruzamento anterior, na semifinal.

Completa dizendo que, em condições normais, não haverá italiano na decisão deste ano, porque Manchester City e Real Madrid são os mais fortes da Europa. A Itália tinha vocação para ganhar Copa do Mundo e não disputa o torneio de seleções há duas edições. Sempre brigava pelo título da Champions e não a vence desde 2010. Vernazza completa dizendo que são dois mundos, o Campeonato Italiano x o futebol europeu.

O Brasil precisa decidir se quer ganhar todas as edições de Libertadores e não ter relevância no futebol intercontinental de alto nível, ou se pretende voltar a ser importante nos torneios de clubes e Copas do Mundo também.

A escolha passa por criar a liga e mudar a CBF. Se não for assim, o Brasil pode virar figurante.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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