James faz treino do perdão como Ronaldinho Gaúcho pós demissão do Atlético
Ainda não é possível saber por que razão James Rodriguez voltou atrás após o pedido para rescindir o contrato e sua sucessão de equívocos. Não se preparou adequadamente, não viajou para a Supercopa, não foi inscrito na fase de grupos do Campeonato Paulista pela condição física precária, perdeu a chance de entrar no time e fixar seu lugar depois das lesões de Lucas e Wellington Rato.
Ao final da reunião do perdão, a direção de futebol são-paulina deixou claro para o meia que ele precisa se adaptar ao São Paulo, não ao contrário. Sempre fica a lembrança da frase do técnico espanhol, Rafa Benítez, no Everton, da Inglaterra. "James prefere dinheiro e uma vida confortável à competição. Ele não trabalha duro, mas espera ser escalado. Seria um desrespeito com os jogadores que se esforçam e, mesmo assim, precisam ficar no banco no dia do jogo", disse Benítez.
Também depois da reintegração, o diagnóstico no Centro de Treinamento é de que estrelas, como James, às vezes precisam de motivação extra, nem sempre só dinheiro ou prestígio. A maneira como o São Paulo aceitou rapidamente seu pedido de demissão incomodou-o de algum modo e acendeu algo nele. "Pode ter sido uma vela ou uma fogueira", diz-se no Morumbi.
Aprendemos no jornalismo esportivo a evitar a expressão ex-craque, porque isso não existe.
Existe, sim. Aqueles que sabem jogar de maneira extraordinária e renunciam a esse talento, por não se prepararem adequadamente, merecem ser tratados assim: ex-craques. James só voltará a ser craque, quando se comportar como tal.
No treino pós perdão, comportou-se.
Lembrou Ronaldinho Gaúcho, num dos episódios mais bizarros da carreira do gênio, demitido pelo Barcelona apenas duas temporadas depois de ganhar a Champions League.
Em agosto de 2012, o Atlético liderava o Brasileirão e Ronaldinho Gaúcho chegou atrasado à concentração na antevéspera de uma partida contra o Vasco, vice-líder.
Também acordou atrasado no sábado e tinha histórico de comparecer ao Centro de Treinamento fora de seu estado normal. Naquele dia, estava bem, mas atrasado.
O técnico Cuca disse ao presidente Alexandre Kalil que não aguentava mais a situação e o dirigente liberou-o para mandar Ronaldinho embora da Cidade do Galo, como punição.
Os jogadores se reuniram e pediram que Ronaldinho treinasse. A esta altura, o ex-craque já estava com suas roupas na mala, entrando no carro, para deixar o CT.
Alexandre Kalil chamou-o à sua sala, deu uma bronca, exigiu desculpas e mandou-o para o campo. Quem viu Ronaldinho treinar naquele dia nunca se esqueceu. Deu chapéu, bola entre as pernas, fez lançamento, gol, passe decisivo. Tudo!
No dia seguinte, construiu a jogada do gol de Jô, driblando o lateral Auremir, do Vasco, e oferecendo ao centroavante o passe pelo alto. O Atlético venceu por 1 x 0.
James Rodriguez fez o treino do perdão, na terça-feira, lembrar Ronaldinho Gaúcho no Atlético.
A pergunta do milhão é se o bizarro episódio de sua rescisão de contrato jamais assinada acenderá no colombiano uma vela ou uma fogueira.
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