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Textor dubla Eurico Miranda enquanto país luta contra máfia das apostas

John Textor usou a palavra corrupção no dia 1 de novembro, para se referir ao que ocorria no Campeonato Brasileiro.

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, anunciou processo contra o proprietário do Botafogo nove dias depois.

No dia 23 de novembro, Textor apresentou relatório da empresa francesa Good Game, contratada por ele, a respeito do impacto dos erros de arbitragem na classificação final do Brasileirão.

O texto ressaltava a diferença entre afirmar "o cartão vermelho mudou o jogo" e dizer "o árbitro mudou a partida."

Não tratava de corrupção, mas da necessidade de aprimorar a arbitragem. Como se fosse necessário contratar uma empresa francesa, para descobrir que os árbitros brasileiros são ruins.

Ah, vá...

Em sua defesa no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a advogada de John Textor, Luciana Lopes, destacou erros de tradução das declarações do proprietário do Botafogo e alegou que ele pretendia apontar possíveis distorções nos resultados, não necessariamente questionar a integridade da competição.

No dia 5 de dezembro, relatou-se que Textor iria dobrar a aposta. Acreditava na robustez do relatório da Good Game e seguiria na informação da manipulação de resultados.

Faz quatro meses que tudo isto aconteceu e, agora, John Textor promete provas de que há corrupção no futebol brasileiro. Em trinta dias!

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Mas já faz quatro meses!

O Brasil sabe que os resultados do futebol estão sob risco desde que o Ministério Público de Goiás anunciou indiciamentos de jogadores por participações em máfias de apostadores.

A legalização dos sites de apostas no governo Michel Temer e o descaso dos anos Bolsonaro sobre o funcionamento das bets produziu um buraco negro. O relatório recente da empresa suíça Sportradar mantém o Brasil em primeiro lugar em jogos suspeitos, com 109 casos em 2023, 29% a menos do que no ano anterior.

Ou seja, a regulamentação dos sites de apostas começa a diminuir o risco.

Mas não exclui, nem no aqui, nem na Premier League.

É até surpreendente que a operação Penalidade Máxima, em Goiás, não tenha apontado nenhum nome de árbitro envolvido em quase dois anos de investigação. Se aparecer, a denúncia será formalizada e o acusado será processado e, eventualmente, preso.

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Textor não está ajudando.

Não aponta nomes e, há cinco meses, insinua esquema de manipulação no Campeonato Brasileiro de modo leviano.

Quatro meses depois de usar a palavra corrupção, seu compromisso é dar os nomes e os casos.

De resto, é óbvio que o Brasil precisa melhorar o nível de seus árbitros e lutar contra a máfia das apostas.

Para confundir a opinião pública, o país já teve Eurico Miranda.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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