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Guerra do Choque-Rei cresce com redes sociais e alguém tem de parar

Carlos Belmonte teve seu vídeo com pedido de desculpas para Abel Ferreira no início da tarde de terça-feira.

Antes de ficar claro que se tratava de um acordo com o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), uma multidão de palmeirenses elogiou a coragem das desculpas e outra legião de são-paulinos criticou-o pela fraqueza.

Poucas horas depois, quando ficou claro o acordo que transformava em pecuniária a possível pena a jogadores do São Paulo, Belmonte passou a ser tratado como herói tricolor nas redes sociais e execrado por palmeirenses.

A repercussão do acordo no TJD bateu firme nos palmeirenses. Abel Ferreira sentiu-se ofendido. Como desculpar alguém se está claro que as desculpas só existem porque o tribunal exigiu e trocou a ausência do diretor de futebol pela presença de Calleri nas finais? O Palmeiras, então, pronunciou-se, por meio do diretor-executivo, Anderson Barros. Já havia pressão das redes para um pronunciamento alviverde.

Ficou mais importante responder às inconsequentes cobranças das redes sociais do que viver com cordialidade. Na semana passada, dizia-se, inclusive na imprensa, que Belmonte não deveria diminuir o tom, porque foi firme.

Não foi! Foi grosseiro.

O presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, convidou os dois presidentes para um café. Pediu para olhar para a frente, esquecer o que houve de erros das duas partes, para não dar exemplo de violência à sociedade. Na saída da sala, já se sabia que Julio Casares tinha admitido erros, sem pedir desculpas. Imediatamente, o São Paulo fez saber que o Palmeiras também tinha admitido equívocos, não no episódio do último Choque-Rei, mas do passado. O episódio da entrevista coletiva em espaço inadequado e com jornalistas sentados no chão, por exemplo.

Os dois clubes parecem mais preocupados em dar satisfação às manifestações irracionais das redes sociais, onde não há rosto, do que em construir um ambiente saudável, em que se apertem as mãos e se trabalhe para um novo encontro, quem sabe na final do Campeonato Paulista, Copa do Brasil ou Libertadores.

O Palmeiras poderia ter avisado após o São Paulo ter sido procurado pelos representantes de Caio Paulista. Poderia desde 2015, gestão Paulo Nobre, ter um camarote central para a diretoria rival, no Allianz Parque. Precisa cuidar de que as entrevistas coletivas aconteçam sempre no espaço adequado, na sala de imprensa principal — não é necessário haver duas.

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O São Paulo sempre prezou por ser um clube cordial e hospitaleiro, de cardeais elegantes e receptivos. Não foi assim no Choque-Rei do dia 3, não é correto chamar o técnico adversário de "merda", nem para identificá-lo, como disse Carlos Belmonte. Não é necessário desculpar-se pelo pedido de desculpas.

Parece inadequado o acordo promovido pelo TJD, ainda não seja correto dizer que Calleri e Wellington Rato foram anistiados. Foram punidos de forma pecuniária.

Há erros de todos os lados. É preciso parar! Chega!

O populismo digital pode causar uma morte real. Por alguém, nas ruas, que se julgue parte de uma guerra, que não deve existir.

O nome do clássico é Choque-Rei. O comportamento precisa voltar a ser nobre.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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