Situação de Carpini e o Brasil que gosta mais de notícia do que de futebol
A sexta-feira virou bolsa de apostas, antes do início do Brasileirão.
Quem acreditava que haveria pelo menos uma demissão de treinador, ou de Thiago Carpini ou de Eduardo Coudet.
Por enquanto, e é sempre bom frisar isto, nenhum dos dois ficará fora de seu banco de reservas na segunda rodada.
Coudet será o treinador do Internacional contra o Palmeiras.
Carpini, apoiado pelo grupo de jogadores, será o técnico contra o Flamengo.
Não é só jornalista, mas aquilo que chamamos de cultura do futebol brasileiro, e que não passa de analfabetismo do jogo, sempre quer a notícia, mais do que o trabalho.
Fato que os são-paulinos das redes sociais e de parte da arquibancada querem a degola do técnico. Em programas de TV, ouve-se que o time é mal treinado. Mas se os jogadores não acham isso e se não há imprensa no treino, por que é esta expressão usada?
Dá para dizer que o São Paulo não convence, que deixa espaços demais, que taticamente tem defeitos, tudo o que se vê nas partidas. Mal treinado, quem diz que não é são os jogadores.
Contra o Fortaleza, a certeza é de que Vojvoda mexeu na equipe melhor do que o técnico do São Paulo. Ao mudar os alas e sofrer o gol um minuto depois, o Tricolor Paulista desarticulou-se e cedeu espaços para o contra-ataque mortal, lançamento de Pedro Augusto, gol de Machuca.
Para o crescimento coletivo, é preciso treino e manutenção. No Brasil, todos nós, imprensa e torcida, sempre queremos a degola rápida. O resultado são 28 trocas de técnico por temporada, Jurgen Klopp afirmando, da Alemanha, que aqui se troca mais de técnico do que de roupa íntima, e poucos times coletivamente montados.
Não há garantia nenhuma de que não haverá demissão de técnico na segunda rodada. Nem sequer de que ninguém vai cair nesta segunda-feira. Nenhum clube precisa se casar com seu treinador, até que a morte os separe. Basta ter critério, analisar trabalhos e não demitir pela pressão externa. O problema é que a pressão vem de todos os lados.
É o analfabetismo do futebol brasileiro.
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