Estêvão e o desejo distante de não vender os craques do Brasil
Paulo Roberto Falcão conta no livro "Bola Fora" (ed. Panda, 2009) que sua mãe foi fundamental em sua decisão de se mudar do Internacional para a Roma, em 1980: "Vai, filho! Vai conquistar o mundo".
Desde então, há 44 anos, o Brasil não para de vender. Já negociava antes, Domingos da Guia no Nacional e Boca Juniors, Leônidas no Peñarol, Mazzola para o Milan, Niginho para a Lazio, de quem Benito Mussolini era tifoso.
Mas a ideia consolidada de que craque nascido aqui tem de ir conquistar o mundo coincide com o período em que o futebol brasileiro para de dominá-lo.
Daí Abel Ferreira pede, clama à diretoria do Palmeiras que não venda Estêvão, autor do gol da vitória sobre o Botafogo de Ribeirão Preto. "Diferente de tudo o que vi."
O plano do Palmeiras não mudou. É repetir com Estêvão o que se fez com Endrick. Se com o camisa 9, foram 72 milhões de euros, fala-se em até R$ 300 milhões do Chelsea por Estêvão.
A pergunta é: quanto o Palmeiras poderia ganhar com o marketing de possuir um dos jogadores mais talentosos do planeta na próxima geração? Quanto dinheiro o Barcelona ganhou com Messi, sem jamais vendê-lo? Quanto perdeu depois de não o ter mais em seu elenco?
A resposta parece não existir, mas o Santos arrecadou mais enquanto teve Neymar do que no momento de sua venda. O Brasil só terá, de verdade, essa resposta, quando algum clube voltar a acreditar que lugar de craque é jogando num grande clube do Brasil.
E quando convencer uma geração de grandes jogadores, com uma liga relevante, que se pode conquistar o mundo estando aqui.
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