Flamengo não pode continuar sendo o maior adversário do Flamengo
O Flamengo perdeu para o Palestino, não está jogando bem, tem campanha como visitante igual às de eliminações rubro-negras na fase de grupos da Libertadores, em 2012, 2014 e 2017.
Tudo isto é verdade e tem de ser cobrado, para que o time evolua e tenha chance de ganhar a Libertadores, objetivo principal da temporada.
Mas a maneira como torcida e imprensa se relacionam com os momentos ruins na Gávea ultrapassa o limite do racional.
"Nem Noé carregou tanto animal quanto o De la Cruz", gritou um torcedor no retorno da delegação ao Galeão. Como se Bruno Henrique, Éverton Cebolinha, Gérson, Pedro e Gabigol fossem animais e só De la Cruz, sozinho, carregasse o time inteiro.
"Você é ídolo! Tem de cobrar todo mundo!", foi o grito de outro para Bruno Henrique, que já conquistou duas Libertadores, dois Brasileiros e uma Copa do Brasil desde que chegou ao Ninho do Urubu. Alguém acha que Bruno Henrique está feliz? Ou Tite?
Ah, mas o Palestino não tem tradição! Isto aqui é Flamengo!
Também era Flamengo quando perdeu do Botafogo da Paraíba, no Maracanã, na campanha do Brasileirão de 1980.
Também era Flamengo quando caiu contra o Coritiba por 5 x 0 antes de ser campeão de 2009.
Também era Flamengo quando foi derrotado pelo Emelec, 2 x 0, no início do trabalho de Jorge Jesus.
Também era Flamengo quando perdeu para o Cobreloa, na final de 1981, é verdade. Mas o Cobreloa tem menos tradição do que o Palestino.
Também era Flamengo quando, campeão do mundo, caiu no Recife para o Sport na trajetória para o título brasileiro de 1982.
Campeão invicto, tirando estaduais, o rubro-negro foi na Libertadores de 2022, o que não excluiu a demissão de Dorival Júnior e a contratação de Vítor Pereira.
O Flamengo não pode ser o maior adversário do próprio Flamengo.
Mas o ambiente que se cria na derrota é acima do tom. Não ajuda.
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