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As razões e contradições da paralisação do Campeonato Brasileiro da Série A

O Bragantino faz questão de dizer que se colocou favoravelmente à parada do Brasileirão da Série A, embora seu nome apareça entre os que rejeitaram a ideia, junto com Corinthians, Flamengo, Palmeiras e São Paulo, aqui citados em ordem alfabética. Segundo sua diretoria, o ofício do Braga foi feito na terça-feira, mas encaminhado apenas na terça. Quer dizer que até quem está contra a parada quer mostrar que foi a favor.

Mas há uma grande contradição no adiamento das rodadas 7 e 8 da Série A. Só para a elite. O Brasileiro feminino, as Séries C e D, que também têm equipes do Rio Grande do Sul, seguem normalmente. A Série B continuar é como seguir a NBB, que teve o Caxias do Sul eliminado e tocou as finais normalmente. Não há gaúchos na segunda divisão do futebol masculino nem no basquete, à exceção do eliminado Caxias.

O argumento para o adiamento da Primeira Divisão é ter a maioria dos votos favoráveis. Quinze dos vinte clubes pediram para parar em solidariedade às vítimas. E mais o Bragantino, ou seja, dezesseis equipes solicitaram o adiamento. Os demais tiveram posições diferentes. O diretor-executivo do Palmeiras, Ânderson Barros, manifestou-se em nome da diretoria pela paralisação. Leila Pereira não se pronunciou. Marcos Braz disse que o presidente Rodolfo Landim daria a posição oficial. Augusto Melo não falou. Julio Casares, do São Paulo, falou abertamente contra a paralisação na quarta-feira de manhã, enquanto arrecadava doações para o Rio Grande.

A demora dos pronunciamentos ou ausência deles produziu, dentro da CBF, a sensação de que os clubes deixavam a confederação apanhar sozinha. Uma das razões para atender ao pedido da maioria.

A Copa do Brasil não para e terá treze partidas disputadas no próximo meio de semana e só três adiamentos, de Juventude x Internacional, Athletico Paranaense x Ypiranga-RS, Grêmio x Operário de Ponta Grossa. As Séries C e D também continuam. É uma contradição. A CBF diz que, se houve votos da maioria dos clubes pela paralisação da Copa do Brasil, ela também para. Dos 26 times com agenda na semana que vem, onze assinaram pelo adiamento da Série A. Faltam três para ser maioria.

O adiamento é solidário, mas não haverá solidariedade no retorno. O Flamengo já se manifesteou contra jogar sem seus jogadores convocados, mas o departamento técnico ja´anunciou que os jogos adiados serão disputados nas datas Fifa de setembro e outubro, exceto se clubes forem eliminados de outras competições e houver dias livres. Também há o problema de Juventude x Internacional, jogo adiado da Copa do Brasil, que seria disputado na terça-feira e sábado já ocupados pelo reagendamento de Libertadores e Copa Sul-Americana.

Mesmo entre os onze clubes da Liga Forte União, não havia consenso pelo pedido de adiamento. Mario Celso Petraglia, do Athletico Paranaense, Ádson Batista, do Atlético Goianiense, já haviam se manifestado contra a interrupção. O Fortaleza também não tinha certeza absoluta. Mas a posição foi do grupo, conjunta e mantida com firmeza.

Abel Ferreira já lamentou, nas entrelinhas, que a próxima rodada seja a nona e que os jogadores e comissão técnica cumpram suspensão contra o Atlético Mineiro, duríssimo compromisso em Belo Horizonte. É realmente discutível se tinha de parar ou não, especialmente sabendo que só se adia a Série A.

Mesmo assim, vai ser bem constrangedor ver dirigente reclamando de seus problemas, como se fossem iguais aos de quem perdeu tudo no Rio Grande do Sul..

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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