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OpiniãoEsporte

SAF não é problema nem solução e você é quem não deve acreditar em milagre

José Roberto Lamacchia já gastou perto de R$ 15 milhões para fazer os estudos de viabilidade para comprar a SAF do Vasco.

Desistiu.

Pelo menos é a informação que vem de dentro do clube carioca e que o próprio Lamacchia repetiu no lançamento da chapa da União Verde e Branca (UVB), há dois dias, dentro do Parque Antarctica.

Ninguém da UVB foi fonte para esta informação. No Vasco, tudo grita, quando o assunto é SAF. Dentro de São Januário, diz-se que Lamacchia já esteve muito próximo, gastou milhões em estudos e resolveu não avançar. Que instigou Pedrinho para partir para a briga com a 777 Partners. Ganhou tudo na vida na briga. Vale a pena brigar, pensa.

Mas pode não ser inteligente brigar, neste momento, para comprar a parte da 777 Partners e ter de responder à Justiça dos Estados Unidos. É uma hipótese.

Então, pode comprar uma fatia da reforma de São Januário, os namings rights do estádio ou do Centro de Treinamento, pagar pelas reformas necessárias, tudo que não signifique conflito de interesses nem processo nos Estados Unidos.

Todas estas são conjecturas.

Tudo atrapalha o processo de fortalecimento das SAFs. Quem vai investir no Brasil, a não ser empresários brasileiros, depois de John Textor gritar que aqui há manipulação de resultados, de Ronaldo Nazário vender o Cruzeiro, de a 777 Partners ser afastada da gestão do Vasco por medida liminar da insuspeita Justiça do Rio de Janeiro?

O desenho é dizer que SAF é uma farsa. E não é.

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Mas não existe milagre.

A primeira SAD a ganhar o Campeonato Espanhol foi a do Atlético de Madri. Quatro anos depois estava rebaixado. O Belenenses rompeu com o dono de sua SAD, Rui Sérgio Soares. Criaram-se dois clubes. o associativo está na segunda divisão, a SAD na terceira. O Milan foi um sucesso sob o comando de Silvio Berlusconi por 26 anos. Nos últimos dez, foi vendido três vezes, mesmo número da Internazionale, campeã italiana, em passagem de bastão do chinês Zhang para o fundo norte-americano OakTree.

O Manchester United foi comprado com o dinheiro da família Glazer e, descobriu-se, a grana era fruto de empréstimos transformados em dívida do clube.

Milagre não existe e picareta há em todas os países do futebol. O Brasil não é uma ilha nem uma bolha.

A questão agora é criar mecanismos para proteger a lei das SAFs. Compreender que estão sendo dribladas e que haverá mais problemas ainda. Também compreender que SAF não é para se safar, mas para criar uma oportunidade de o Brasil ter uma legislação que produza uma indústria do futebol, capaz de pagar impostos e gerar empregos como a automobilística, a farmacêutica...

Para isso, é preciso espantar os pilantras, atrair os honestos. Não é simples. Dará trabalho.

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O Brasil tem hoje, mais do que dez anos atrás, um dos cinco melhores campeonatos de futebol do mundo. É necessário cuidar dele, regar a árvore todos os dias. Pode ser melhor e as SAFs podem ajudar. Se a gente não ajudar a desmoralizar as SAFs ao acreditar que elas são um milagre. Exigem trabalho, como qualquer grande clube de sucesso no mundo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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