Atalanta ganha Europa com marcação individual sem sobra, como Abel Ferreira
Se Pep Guardiola é o maior autor de releituras táticas do futebol mundial, foi campeão da Champions no 4-3-3 e recriou o WM, com modernidade, atacando no 3-2-5, muitas vezes 2-3-5, Giampiero Gasperini faz a contrarrevolução de outra maneira.
A estupenda atuação da Atalanta encerrou o jejum italiano, que não ganhava as duas maiores competições da Europa desde 2010 e não vencia a Liga Europa/Copa da Uefa desde o Parma em 1999. Também fez voltar o período de vitórias da marcação individual.
No passado, os italianos marcavam homem a homem. Arrigo Sacchi, no Milan, mudou o cenário, com zona pura e pressing. Antes, Nils Liedholm também fazia marcação zonal no Milan, do escudeto de 1979, e na Roma, campeã de 1983.
Gasperini vai mais longe: não tem sobra. A Atalanta marca o campo inteiro, com pressão alta e perseguições individuais longas. Contra o Leverkusen, Hein marcou Adli, Kolasinac perseguiu Frimpong, Djimsiti perseguiu Wirtz até o campo adversário.
No meio, os alas Zappacosta e Ruggeri anulavam Grimaldo e Stanisic, respectivamente. Koopmeiners marcou Palacios, que falhou no primeiro gol, Éderson fez atuação espetacular e não deixou Xhaka atuar.
A pressão começava com os três atacantes matando a saída de bola. Scamacca com Tah, Ketelaere com Hincapié, Lookmann com Tapsoba. Todos tinham seu homem a marcar. Ninguém sobrava.
O risco é óbvio. Numa perseguição longa de Djimsiti, Wirtz deixou a bola passar e criou espaço para Frimpong jogar. Quase saiu o empate do Bayer Leverkusen, na primeira etapa.
No Brasil, Abel Ferreira acompanha o movimento do mundo de maneira atenta. Nas duas finais contra o Santos e na partida contra o Flamengo, pela terceira rodada do Brasileirão, marcou individual o campo inteiro e sem sobra.
Internamente, no Palmeiras, sabe-se que a referência mundial para este tipo de marcação é Marcelo Bielsa e Abel observa esse trabalho. Também se diz que o Bayer Leverkusen fez isso em algumas partidas da temporada e de seus 51 jogos sem derrotas. O Arsenal, de Arteta, também. E Abel cita Giampiero Gasperini como referência no mundo.
Aqui, Abel não repete esse tipo de marcação em todas as partidas. Há razões para isso, como o calendário. O Palmeiras fará 75 jogos no ano, se chegar a todas as finais. A Atalanta fechará a temporada com 56.
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