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Real Madrid muda personagens principais para manter a si mesmo protagonista

O Real Madrid tricampeão da Liga dos Campeões de 2018 registrou um feito inédito na história do torneio. Pela primeira e única vez, uma mesma formação, de goleiro ao centroavante, ganhou duas finais, dois anos seguidos, exatamente com os mesmos onze jogadores: Navas, Carvajal, Varane, Sergio Ramos e Marcelo; Casemiro, Kroos e Modric; Isco, Benzema e Cristiano Ronaldo. Com quase a mesma escalação, apenas Pepe no lugar de Varane e Bale no de Isco, o time já tinha vencido em 2016, nos pênaltis, contra o Atlético de Madrid. Nas decisões de Cardiff, contra a Juventus, e Kiev, contra o Liverpool, Zidane repetiu as onze peças idênticas.

Imediatamente após a final de Kiev, Cristiano Ronaldo anunciou sua saída para a Juventus. O Real não queria perdê-lo, mesmo que internamente se soubesse que o ciclo estava se esgotando. Messi e Cristiano fizeram a história passar diante de nossos olhos por quinze temporadas. Estava terminando, mas seria muito difícil seguir protagonista sem o grande protagonista de quatro conquistas europeias: 2014, 2016, 2017 e 2018.

A transição de Cristiano Ronaldo para Vinicius Junior manteve a fome de vitórias do Real Madrid saciada num nível igual aos tempos de Alfredo Di Stéfano e muito, muito superior à era dos Galácticos.

Para passar de uma estrela portuguesa ao novo astro brasileiro, o Real fez uma arriscada aposta de transformar um coadjuvante em protagonista e fazer dele o ponto de transição. Chamava-se Benzema. O centroavante que reclamou de Vinicius Junior não lhe passar a bola foi o ponto de referência na conquista de Paris, em 2022, novamente contra o Liverpool. Apesar de o gol daquele título também te sido marcado por Vini, Benzema era o sol daquele time, em torno do qual giravam os demais dez jogadores: Courtois, Carvajal, Militão, Alaba e Mendy; Casemiro, Kroos e Modric; Valverde e Vinicius Junior.

Benzema ficou mais uma temporada e se foi. Então, o novo esquadrão estava pronto. Nove dos dez que giraram em torno do francês estiveram em Wembley e mais Rodrygo, herói da semifinal de dois anos atrás como reserva, agora titular. Tirando Benzema, só Casemiro se foi.

A transição silenciosa começou ali mesmo, em 2018, com Cristiano Ronaldo voando para a Juventus e Vinicius Junior estreando no Real Madrid Castilla. Fez cinco jogos pela filial merengue e 31 pelo time principal na primeira temporada após a saída do português. Ninguém no mundo tinha certeza de que a sucessão seria tão bem sucedida como foi. É só ver no que deu.

Zinedine Zidane saiu, depois voltou, não conseguiu repetir a Champions porque o novo time não estava pronto, talvez porque faltasse o líder quieto, solucionador de crises em absoluto silêncio, inclusive da sua vida e possível transferência para a Barra da Tijuca. Falamos de Carlo Ancelotti. Vinicius Junior era o sucessor escolhido, por quem o Real pagou 45 milhões de euros quando tinha apenas 16 anos, mesmo valor e idade pagos por Rodrygo. A dupla de ataque, sem centroavante, que Ancelotti inventou depois da saída de Benzema.

Em dez anos, entre 2014 e 2024, o Real Madrid conquistou seis Ligas dos Campeões, conta exatamente igual à que existiu entre 1956 e 1966, tempos de Di Stéfano, Puskas e Gento. O último, menos badalado, ganhador de seis orelhudas, como só agora, 58 anos depois, Nacho, Carvajal, Modric e Kross conseguem empatar. Não por coincidência, são jogadores do Real Madrid. Os Galácticos não fizeram melhor.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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