Uma imagem vale mais do que mil palavras e vale lembrar o nome do fotógrafo
A maior imagem olímpica até esta terça-feira (30) é a de Gabriel Medina saindo da onda, com o dedo indicador apontado para o céu e a prancha, paralela ao seu corpo, voando para a glória junto com o sufrista.
A imagem foi capturada pelo repórter-fotográfico francês Jêrome Brouillet. O repórter André Galindo teve a sensibilidade de procurar o jornalista, para contar o momento do clique: "Fiz a foto, olhei para a câmera, selecionei os cliques e vi as imagens do pulo e do meio. Olhei e vi que fiz um bom trabalho."
A vida do repórter-fotográfico é, muitas vezes, assim. A certeza da grande foto só vem quando se observa o material completo. Às vezes vem uma obra de arte, daquelas que nos fazem perguntar e debater: fotografia é arte?
É, tanto quanto o cinema. E o fotógrafo, o artista, muitas vezes fica anônimo, esquecido.
Quem fez a fantástica foto da bicleta de Pelé, contra a Bélgica, em 1965?
O repórter-fotográfico era Alberto Ferreira.
E a de Tupãzinho marcando o gol do título brasileiro do Corinthians, em 1990?
Daniel Augusto Jr.
São tantos incontáveis artistas brilhantes, que é até covardia apresentar uma imagem sem falar sobre todas. Nelson Coelho, Pedro Martinelli, Ricardo Corrêa, Sérgio Moraes, Julio Cesar Guimarães, JB Scalco, só para citar alguns que a vida deu a sorte de conhecer. Outros, como Scalco, não, por ter partido tão cedo.
Cada imagem tem uma história e uma das mais emocionantes é de Domicio PInheiro, apelidado Toc, Toc, porque onde ia tinha notícia — e ele fotografava. Injustiça com o brilhante repórter, que estava onde o fato se impunha e o fotografava, fosse história boa ou ruim.
Numa delas, a arquibancada da Vila Belmiro caiu, em 1964. Domício fotografou a tragédia, como todos os outros. Então, virou-se para o campo, para fotografar o desespero dos jogadores. Olhou para a notícia e logo para a consequência dela.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA imagem de Gabriel Medina pela lente de Jerome Brouillet ficará como a do número um do surfe. Se Medina ganhar o ouro, muita gente nem vai se lembrar de que o clique aconteceu nas oitavas de final.
Deixe seu comentário