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OpiniãoEsporte

Ser globalizado sem ser burro

O Milan empatou por 2x2 com a Lazio escalando, pela primeira vez em sua história onze titulares estrangeiros. Não é novidade no mundo, nem em Milão. No Milan, é.

O primeiro time do planeta a alinhar onze internacionais foi o Chelsea, contra o Southampton, em 26 de dezembro de 1999: De Goey, Ferrer, Emerson Thomé, Desailly e Babayaro; Petrescu, Di Matteo, Deschamps e Poyet; Ambrosetti e Tore Andre Flo. O técnico era o italiano Gianluca Vialli.

Seis anos depois, a Internazionale escalou onze estrangeiros contra o Artmedia, da Eslováquia. Em 2010, também a Inter se tornou a única campeã da Champions só com jogadores que não podiam jogar pela seleção italiana.

No Milan, dos tempos em que vencia, sempre havia um Nesta, Pirlo, Inzaghi... Hoje, não vence e não escala italianos nas mãos do técnico português Paulo Fonseca.

O Brasil anda um pouco assim. Copiamos o ilimitado número de estrangeiros sem notar qual qualidade trarão. Ninguém jamais será contra Pedro Rocha, Doval e Tevez.

Mas por que contratar um espanhol que, em dez anos, só conseguiu disputar uma partida em seu próprio país e em 2014!? Caso de Hector Hernandez.

As quatro contratações mais caras da história deste ex-país do futebol aconteceram neste ano de 2024, três vêm de fora. Almada custou R$ 137 milhões. É campeão do mundo pela Argentina, está jogando bem pelo Botafogo. Só jogou quatro vezes pela sua seleção.

Vai contribuir.

Alcaraz custou R$ 110 milhões ao Flamengo, nunca jogou pela Argentina, chega credenciado por ter disputado a Premier League. Foi rebaixado pelo Southampton.

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Pode ajudar.

Luiz Henrique acaba de ser convocado para fazer sua estreia pelo Brasil. Hoje, é o melhor jogador do Botafogo, terceiro mais caro do país em todos os tempos - - R$ 106 milhões. O quarto é brilhante: De la Cruz. Pelo balanço do Flamengo, custou R$ 92 milhões.

A qualidade sempre será bem-vinda. O exagero, não. O problema é que os únicos produtos do futebol brasileiro valorizados no exterior são a seleção e os jogadores. Craque o Brasil fazia em casa. Agora faz para exportação.

Hoje, o Real Madrid escala Vinícius Junior, Militão, Rodrygo e Endryck. O Corinthians pode ter Félix Torres, José Martinez, Garro e Hector Hernandez.

O Milan está em 15o lugar, nao venceu nas três primeiras rodadas da Série A, escala Emerson Royal, Chukwueze, Okafor.

Globalização não é contratar estrangeiros. É ser parte do globo, comprar o talento que se deseja, vender quem se pretende. Não vender Estevão, Endrick, Rodrygo e Vinícius aos 18 anos.

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Não valeria mais a pena usar o dinheiro que atualmente se gasta para pagar e manter os talentos que o Real Madrid e o Chelsea querem ter por lá?

As escolhas não parecem as mais certas. O Brasil vende quem deveria manter e contrata sem saber no que vai dar.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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