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OpiniãoEsporte

Flamengo não pretende trocar Tite apesar de pressão após perder do Peñarol

O Flamengo não pretende trocar sua comissão técnica. Nem agora, nem até o final das chances nas três competições.

Obviamente, o futebol brasileiro é areia movediça, em que resultados ruins e sucessivos levam a mudanças de opinião.

Além disso, o ano é eleitoral e há dificuldade para fazer Rodrigo Dunshee, candidato da situação, decolar para a vitória.

Tudo pode se misturar e já há quem diga que o mais correto seria tirar Tite e colocar Filipe Luís no comando, numa cópia de situações que funcionaram no passado, com ex-jogadores sem grande experiência como treinador, conduzindo a troféus, casos de Paulo César Carpegiani, na Libertadores de 1981, Carlos Alberto Torres, no Brasileiro de 1983, Carlinhos, em 1987, Andrade, em 2009.

"Seria o caos!" Esta é a frase mais lúcida dentro do vestiário do Ninho do Urubu.

A opinião deste blog é a mesma. Não tem de mudar, até porque há chance de vencer os três torneios, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão.

Daqui para trás, informação. Daqui para a frente, opinião.

É incrível como se polarizam as coisas entre quem critica e quem, supostamente, passa pano. Existe um meio termo entre as duas visões. É óbvio que o trabalho de Tite está abaixo da expectativa. Em parte, porque o que se espera do Flamengo é muita coisa. São 67% de aproveitamento, 15 derrotas em 65 jogos. O aproveitamento é melhor do que os 60% de Dorival Júnior, demitido depois de ganhar a Copa do Brasil e a Libertadores.

Há cinco anos, quando o Flamengo perdeu do Peñarol pela última vez, derrota mais recente no Maracanã pela Libertadores antes de cair novamente contra o adversário uruguaio, havia uma determinação criada a partir da expressão "clube do vinho." Ou se criticava veemente o trabalho de Abel Braga ou se era amigo do treinador. Evidentemente, não era assim. Tão evidente quanto seu pedido de demissão melhorou o time com a chegada de Jorge Jesus.

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Hoje, há quem diga que parte da imprensa tem certo constrangimento em criticar Tite. Uma coisa é perceber uma atuação pavorosa, como a de quinta-feira, quando o time cruzou 50 vezes e errou 40. O abuso dos cruzamentos indica falta de repertório, apesar das 17 finalizações.

Outra coisa é determinar que o momento ruim tenha, necessariamente, de se transformar em demissão, vício eterno dos analistas do Brasil. A lógica é terminar a temporada, analisar e trocar, se for o caso.

Democracia é, sobretudo, quando se sabe divergir. Não é preciso descredibilizar uma análise, para discordar dela. Hoje, é possível haver três tipos de opiniões diferentes: 1. Tite não está trabalhando no mesmo nível da expectativa, mas deve permanecer até o fim das chances de título; 2. Tite está trabalhando bem. Discordo, mas pode haver quem concorde. 3. Tite tem de ser demitido, já.

Parece mais coerente a primeira posição. Mais ou menos quando o Liverpool, com apenas 50% de aproveitamento no Campeonato Inglês de 2023, que terminou em quinto lugar, decidiu continuar com Jurgen Klopp,depois de três temporadas sem vencer nem a Premier League nem a Champions League. Klopp é o treinador campeão inglês, alemão e da Champions para quem, no Brasil, troca-se mais de treinador do que de roupa íntima. Ele tem mais razão nesta frase do que se afirmasse que trabalhou no nível da expectativa no Liverpool entre 2021 e 2024.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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