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Gilmar Mendes se senta em liminar enquanto CBF implode

O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, viajou para a Suíça para Congresso na Fifa. De lá, partirá para o Uzbequistão, onde acompanhará a final da Copa do Mundo de Futsal. Enquanto isso, espera-se para esta quinta-feira o julgamento da liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, que devolveu Ednaldo ao cargo no último dia 4 de janeiro.

Na Suíça, a agenda do presidente da CBF e as publicações da Fifa evidenciam que o relacionamento com Gianni Infantino já não é tão próximo como foi. Não que chegue ao caos existente em suas relações na Conmebol, com o presidente Alejandro Dominguez, com quem se estremeceu desde o ano passado.

Se o julgamento for adiado nesta quinta-feira, será a sétima vez. Uma vergonha. Gilmar Mendes se senta sobre sua liminar, não se diz impedido de votar, apesar de seus colegas Luís Roberto Barroso e Luiz Fux saírem da votação. Barroso, pela participação de seu sobrinho, Rafael Barroso Fontelles, no time de defesa de Ednaldo Rodrigues. Fux se afastou, porque seu filho, Rodrigo Fux, assina um dos recursos da CBF ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O filho de Mendes é diretor do IDP, sócio da CBF Academy. E Gilmar não se sente impedido?

Os desmentidos da CBF e as assinaturas de oito diretores numa nota de repúdio contra o colunista do Uol, Danilo Lavieri, não descartam o descontentamento de funcionários com a cúpula da confederação. O edifício da Barra da Tijuca e a torcida do Flamengo sabem que o ambiente não é bom. Ednaldo Rodrigues voltou à presidência, em 4 de janeiro, com a promessa de que não seria tão centralizador quanto antes. Segue sendo, a ponto de clubes da Série B reclamarem da demora em desmembrar tabelas, o que prejudica a compra de passagens e reservas de hotéis.

O exemplo mais recente foi a inversão de datas de Copa do Brasil e Brasileirão às 21h de um sábado, dia em que não há expediente na CBF. As decisões na confederação são tomadas e anunciadas assim, quando o presidente quer. As notícias não vêm especificamente de nenhum diretor. Importante dizer isso, para frisar que nenhum deles deve ser repreendido. Há publicações de Juca Kfouri, Danilo Lavieri e deste blog. Nenhum diretor está fazendo intriga, nem conversando com a imprensa. As informações chegam de todos os lados, checadas e rechecadas. As paredes da CBF têm ouvidos — e não é só o presidente quem as escuta.

A manifestação conjunta, de oito diretores, para dizer que todos vivem relações "harmoniosas e de profunda confiança" evidencia que houve pressão. Ninguém precisa dizer. Todo mundo sabe que nenhum documento ou nota de repúdio sai da CBF sem que Ednaldo ordene. O problema é que a CBF implode a cada dia e nada funciona dentro da normalidade, porque ninguém tem autonomia para trabalhar.

As escalas de arbitragem foram feitas por Emerson Augusto dr Carvalho, com aprovação de Ednaldo, durante licença médica do titular da arbitragem, Wilson Seneme. Durante seu afastamento, os árbitros não foram avisados. Nem a opinião pública. Oficialmente, nem os clubes, que souberam pelos corredores.

A nota de repúdio tem outras surpresas, como a transformação de Hugo Teixeira, ex-diretor de operações do IDP, em "Chefe de Gabinete da Presidência." É o que está descrito abaixo de sua assinatura. Hugo Teixeira era diretor de operações do IDP, em agosto de 2023, quando se assinou o acordo de parceria para ampliação dos projetos da CBF Academy.

Teixeira é, portanto, homem de confiança Gilmar Mendes e de seu filho, Francisco Schertel Mendes, diretor do IDP. Assim como Luis Otávio Verissimo, atual presidente do STJD, e que tomará posse interinamente se Ednaldo Rodrigues for afastado. Nem na época de Ricardo Teixeira a CBF tinha tantas redes de poder.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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