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OpiniãoEsporte

Orgulho de ser Botafogo revive a vaidade de estar na seleção brasileira

Uma semana deu sinais de que é possível mexer com a relação entre seleção e povo brasileiro.

Sete dias de notícias que envolveram o Botafogo.

Primeiro, a notícia de que o Glorioso voltava a ser o clube com mais jogadores cedidos à seleção. Mais do que o Real Madrid, com a substituição de Arana, do Atlético, por Alex Telles, do Botafogo, e os cortes de Militão e Vinicius Júnior.

Surpreendentemente, o Botafogo passou a ser o clube com mais convocados para a seleção brasileira, o que não acontecia desde 15 de abril de 1992, época em que o alvinegro tinha o banqueiro do jogo do bicho Emil Pinheiro como patrono, Renato Gaúcho, Carlos Alberto Dias, Márcio Santos e Valdeir na lista de Carlos Alberto Parreira.

O Botafogo não tinha sete convocados para seleções nacionais, como nesta Data Fifa, desde 1962. Mais um aspecto para reforçar a vaidade.

A última, ter os dois gols da virada sobre o Chile marcados por jogadores do elenco botafoguense. Havia 26 anos sem gols de atletas do Botafogo para a seleção, desde Bebeto contra a Dinamarca, nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1998.

O orgulho alvinegro esbarrou na observação de que o Botafogo não teria tantos jogadores talentosos se não fosse SAF. Ora, mas as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) estão dentro da legislação. Pode-se dizer que o Manchester City não teria 13 convocados por seleções nacionais se não fosse comprado pelo sheik Mansour Bin Zayed, se não fosse um integrante do conglomerado City Group, que tem como matriz o Abu Dhabi United Group.

O Milan estava à beira da falência, quando foi comprado pelo grupo Fininvest, de Silvio Berlusconi. Não fosse por isso, não teria conquistado cinco de suas sete Champions League, nem contado com o talento de jogadores como Ruud Gullit, Marco Van Basten, Frank Rijkaard, Dejan Savicevic, Kaká, Shevchenko, Pirlo, Dida...

A seleção tem de ser dos melhores. Se estiverem fora do Brasil, a base será o Real Madrid, o Barcelona, Paris Saint-Germain, Manchester City, como foi nos primeiros 24 anos deste século. O episódio desta semana reacendeu o orgulho, em vez da raiva, de ceder jogadores para a seleção. Pelo menos em uma torcida, a do Botafogo.

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É simbólico do que pode acontecer se o Brasil passar a ter uma liga competitiva, em que os jogadores queiram jogar aqui. Na história das Copas, a França é o único país campeão com mais convocados fora do que dentro de seu próprio país. Isso não depende da vontade do técnico, mas da capacidade de se fazer um campeonato forte, em que os jogadores prefiram jogar aqui do que no exterior.

O exemplo botafoguense, em uma semana de seleção sem jogar bem, e vencendo, dá noção de que é possível recuperar a relação entre torcida e seleção.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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