Os calotes do Corinthians e a pressão do Flamengo
O Flamengo está certo ao dizer que não aceita o contrato do Corinthians com a Brax como garantia pela compra de Hugo Souza.
Mas isso tem a ver com a compra do goleiro, que só precisa ser efetivada no final do ano. Os pagamentos para adquirir definitivamente o arqueiro estão previstos para janeiro de julho de 2025 e 2026, quatro parcelas.
Falar sobre isso agora dá a falsa impressão de que Hugo não pode jogar pelo Corinthians, contra o Flamengo, a semifinal da Copa do Brasil.
Pode. Para isso, o Corinthians tem de desembolsar R$ 500 mil, conforme previsto no contrato de empréstimo.
É óbvio que a direção do Corinthians não tem o direito de dar calotes, como acusou o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch. O dirigente mato-grossense falou em golpe, palavra forte e bem utilizada. Augusto Melo nem sequer telefonou para Dresch depois do desabafo. Tinha de ligar, combinar um plano de pagamento, não fingir que está tudo bem.
Por causa disse e do não pagamento por Matheusinho, o Flamengo está certo em não aceitar a Brax como garantia.
Outro pensamento é conceitual. A CBF não deveria aceitar contratos de empréstimo em que o jogador não pode enfrentar seu clube de origem. Se está emprestado, deve jogar qualquer partida, pelo equilíbrio do campeonato.
Em 2014, o Chelsea tentou proibir o goleiro Courtois, emprestado ao Atlético de Madrid, de enfrentar seu time originário na semifinal da Champions League. O Atlético consultou a Uefa e ouviu que este tipo de cláusula não tinha validade. O que vale, para a Uefa, é o bem comum, a lisura do torneio.
Courtois jogou e o Atlético eliminou o Chelsea. Foi à final contra o Real Madrid, em Lisboa.
Hugo Souza vai jogar contra o Flamengo. Enquanto a CBF não fizer o mesmo que a Uefa, o Corinthians tem de pagar.
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