Seleção enfrentará a política brasileira e a seleção peruana em Brasília
As entrevistas do fenomenal goleiro Barbosa, para explicar a derrota da seleção contra o Uruguai, o Maracanazo em 1950, sempre passaram pela política. Ele repetia com razão e brilho como o ambiente mudou na última semana de Copa do Mundo, quando a delegação saiu de sua concentração no alto do Joá, zona oeste do Rio de Janeiro, e transferiu-se para São Januário. Em ano de eleições para presidente da República, vice-presidente, 20 governadores, 13 vice-governadores, 21 senadores e 304 deputados, as visitas aos jogadores eram constantes.
E olha que nem havia celular para pedir fotografias.
A derrota nunca acontece por uma só razão, mas a política fez parte daquele cardápio. Com sucesso ou insucesso, comporá também o repertório da seleção nestes dois primeiros dias em Brasília, o pior lugar do mundo para se jogar em meio à tentativa de afirmação técnica da seleção e à crise política da CBF.
Em Brasília, estarão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que iniciou a votação da liminar de Gilmar Mendes para manutenção ou queda de Ednaldo Rodrigues. O placar está 1 x 0 pela permanência, voto de Gilmar Mendes, fundador do IDP, instituto que mantém sociedade com a CBF Academy, para ministrar cursos como o de técnico profissional de futebol, cujos módulos custam perto de R$ 20 mil e cujo lucro anual, estima-se, é de R$ 15 milhões.
Para visitarem a capital federal, estão convidados os presidentes de federações estaduais, que compõem o colégio eleitoral da CBF. Também muitos presidentes de clubes, que também têm direito a voto. A sucessão de Ednaldo Rodrigues, se permanecer no cargo até o final do mandato, terá eleições entre abril de 2025 e abril de 2026.
Pelo Eixo Monumental, são 4,3 quilômetros entre a Praça dos Três Poderes e o estádio Mané Garrincha, cerca de oito minutos de automóvel, sem trânsito. O que significará uma carreata de deputados e senadores em direção à Asa Norte no final da tarde de terça-feira, para evitar os congestionamentos.
Ah, claro, a seleção de jogar bem e vencer o Peru, penúltimo colocado das eliminatórias. Caso contrário, as costas dos dirigentes da CBF receberão tapinhas nas costas dizendo que tem de mudar tudo. Quer dizer, quase tudo, porque o foco estará na comissão técnica, não em quem fez o convite.
Dos 20 jogos contra a seleção peruana em território nacional, só duas derrotas. A última delas, há 39 anos, aconteceu em Brasília.
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